Valores da contemplação:
O
exercício contemplativo espiritual é de grande importância ao ser humano, o
valor deste ato na vida de um ser humano é alto, já que constitui a base de sua
própria vida. Corresponde à uma experiência que transcende o intelecto, faz com
que a pessoa entre em contacto com sua essência integral, e fuja ao
entendimento parco e fragmentar que tem de si mesmo.
A oração
auxilia o ser humano a entrar em contato com as suas essências espirituais,
assim, quando se ora muitas vezes comete-se o engano de pedir algo que está
fora de sua essência espiritual, pois somos levados por nossas mesquinhas
preocupações, que são mundanas. Por consequência após acontecimentos diversos
que transcorreram após a oração crê-se erroneamente que se recebeu injustamente
uma sorte de vida errada, o certo é afirmar que esta sorte de vida não está
errada, mas contraria nosos objetos de interesse humanos mas está de acordo com
os objetivos santificados, que são os que correspondem ao centro de todas as
nossas necessidades espirituais. O que devemos nos esforçar para visualizar,
durante nossas preces é o objeto espiritual, a “verdade essencial futura”, e
não a verdade humana, criada por nossos interesses distorcidos e incertos. Quem
cria a verdade essencial é a própria realidade do mundo, esta problemática se
funda exlusivamente na liberdade que Deus concedeu ao homem, pois a partir deste
momento o homem soube o que é se perder, querendo criar seu próprio destino,
que quando sai de determinados parâmetros se mostra ilusório.
A
expectativa do ser humano em suas preces deve estar fora de qualquer interesse
terreno, e colocada num patamar infinitamente mais sublime, o portal espiritual
deve ser atravessado neste momento, tudo o mais pode ser considerado supérfluo.
Na vida corriqueira, fora das longas orações noturnas, o homem deve usar sua
humanidade cheia de preceitos morais e religiosos, mo intuito de encontrar a
alegria. Nas situações mais simples poderá extasiar-se de satisfação espiritual.
Estes tipos de situações nos leva à um
patamar de felicidade indescritível, onde as coisas da vida são impregnadas de
um valor belo, magnífico e mágico.
É por
esta sensação de Bem Aventurança que pode-se dizer que viver é uma aventura
extasiante, é mais que ocupar-s em diferentes atividades de maneira corriqueira
e supérflua, é simples e profundo ao mesmo tempo. A vida está intimamente
relacionada com os sentimentos e idéias humanos mais complexos, profundos e
enlevados. Conforme a expressão: “Lava-se a alma”, a vida verdadeira é uma
limpeza espiritual total.
A
felicidade é tal gama de sentimento que faz com que para tudo o que olhemos,
após sentí-la, seja infinitamente belo e realizador, pois é sentimento
contínuo, que se propaga mesmo após a ocasião que a causou, lembrar a ocasião
nos revigora com este sentimento de pura alegria. Assim tudo o que cerca
adquire um novo sentido, o único sentido: O sentido da felicidade derradeira.
Por que
o mundo físico é importante? Porque não viver somente no espírito? Para
discutir estas questões vamos expor algumas hipóteses sobre a contemplação e
uma possível definição deste processo. Contemplação é um modo de contato com a
realidade que o ser humano têm. Entretanto que é a realidade? OPnde está ela?
Seria realidade tudo aquilo que estivesse fora do ser contemplador, no entanto
as características internas também constituem realidade, assim temos realidade
interna e externa. Mediante isto: Quê significa exatamente contemplar?
Assimilar uma realidade externa?
A
atividade contemplativa se utiliza dos recursos internos para assimilar aquilo
que está externamente, quanto mais complexos são os valores internos tão mais
minuciosa será a realidade externa. É neste jogo dual que está a interpretação
da realidade, como cada pessoa têm valores internos consideravelmente distintos
ocorre que os mesmos objetos externos serão vistos de diferentes maneiras. O
ato contemplativo, mediante estes preceitos se torna um tanto mais complexo que
simplesmente assimilar realidades externas já definidas, pois a realidade
externa só é definida quando em contato com a realidade interna. Nisto consiste
toda a contrariedade humana.
Ao
contemplar uma música, o sujeito irá se deparar com um “objeto externo”, que
corresponde à música. Durante o decurso desta irá assimila-la colocando-a sob o
julgo de seus valores pessoais criando uma impressão específica, é como se o
sujeito fosse parte da criação da realidade, pois ele ajuda a criar algo
bastante personalizado. Isto ocorre mesmo que não faça isto de maneira
consciente, pois é um processo imperceptível. Por isto é impossível criar uma
definição exclusiva de belo e feio, agradável ou desagradável, proveitoso ou
desnecessário. Somente cada indivíduo poderá por si mesmo poderá tirar suas
conclusões personalizadas daquela música. Isto se aplica à qualquer objeto ou
mesmo às idéias, conforme pode-se concluir.
O hábito
de praticar meditação contremplativa, quando criado um afinco irrefutável, é
algo que influencia a vida de tal maneira que passa-se a percebê-la de outra
maneira. Que outra modo seria este de perceber a vida? Ora, a realidade é, em
uma de suas vertentes localizada fora do sujeito. Assim, para que entremos em contato com a
realidade externa deve haver um meio, este meio de perceber a vida é a
contemplação, que pode se ramificar em contemplação auditiva ou visual. O
grande segredo do ato contemplativo, conforme descrito pelo poema inicial é a
minucia, o detalhe as pequeninas coisas que são percrustadas pela mente de
mneira avassaladora e insistene, num ato místico e mágico. Isto esclarece o
olhar fixo dos feiticeiros, aqueles olhos que ficam totalmente abertos, sem
sequer piscar, impondo uma verdade moral atravéz de um olhar de maneira direta
e mais verdadeira do que poderiam ser as mais largas e vastas explanações
racionais fundamentadas numa retórica precisa e perfeccionista. O poder dos magos,
em parte, se fundamenta no desenvolvimento da capacidade contemplativa, os
magos, médiuns, feiticeiros ou mesmo os artistas têm uma percepção das coisas
do mundo incomensurávelmente mais aprofundada que outros, isto porque não se
contentam somente com aquilo que o mundo aparenta ser, consideram sempre as
coisas mundanas como mesquinharias oferecidas pela realidade, por isto devem
elevar sua interpretação do mundo externo ou mesmo de suas cogitações internas
à um grau super-especializado, à um patamar de proporções máximas, sempre
buscam suas máximas capacidades de enriquecer determinada situação. Cada
situação, que de maneira superflua poderia ser considerada como uma passagem
corriqueira do dia a dia é situação importante à qual deve ser impregnado valores
profundos e verdadeiros, sempre relacionando-as com a religião e com a
filosofias de suas respectivas vidas. Não se passa pela vida como quem não quer
nada, mas sim doa-se à vida o valor supremo das verdades espirituais,
psíquicas, morais e estéticas. Notem leitores à que profundidade chega o
aspecto contemplativo, não é uma brincadeira meditativa, mas uma atividade de
primazia na vida daquele que se dispõem à praticar, por isto, as orações
noturnas, as contemplações, as adorações de santos devem ser praticadas em toda
a sua plenitude, pois é isto que faz um médium, mago ou feiticeiro, ele leva ao
limite sua mente, seu corpo alicerçado numa moral sem igual. Para contemplar-se
uma imagem de santo deve haver análise “microscópica”, de modo que é impossível
fazer isto se não se levar o ato contemplativo aos extremos. Assim como para
compor complexa e maravilhosa sinfonia o homem deve levar suas capacidades
intuitivas, intelectuais, sentimentais ao extremo o mesmo ocorre na
contemplação. Deste modo adquire-se um alargamento do consciente, captamos as
essências psíquicas das pessoas de maneira direta, sem nos deixar arrebatar
pelas impressões superficiais das pessoas e do mundo em si.
Como
dito: tudo que existe para ser assimilado, para que o seja, deve antes ser
contemplado. Quanto mais alto seja o grau de contemplação mais preciso será o
descobrimento daquela realidade. Amar a arte, e deleitar-se com exposições ou
concertos é praticar contemplação. Este é o modo mais óbvio de pensar-se em
contemplação, no entanto existem outros, como contemplar a natureza. Qual será
o dia, em que o homem, dotado de tamanha inteligência e sagacidade, conseguirá
se equiparar à criação da natureza nas belezas do mundo? Contemplar a natureza
é reconhecer sua infinita superioridade diante do homem. No desenvolvimento
desta atividade ficamos verdadeiramente embasbacados com a beleza natural do
mundo. Uma terceira possibilidade é contemplar as pessoas que nos cercam, nos
mínimos gestos, atitudes, e mesmo em suas fisionomias e constituições físicas,
tudo isto têm muito à revelar, se soubermos interpretar sabiamente e não como
seres humanos, deve-se fazer interpretação mística e espiritual das coisas, somente
neste momento teremos a percepção total da realidade espiritual do mundo. Ou
vive-se de acordo com tuas crenças ou não! Não existe meio termo! Se tu crer em
alguma verdade deverá adota-la na tua vivência diária de maneira incisiva e conforme crê a tua
mente e teu coração, do contrário esta será uma crença falsa. Se tu crês em
Deus deverá viver conforme as leis desta crença. Não existe meio termo nas
crenças da vida!
Para
maior facilidade do entendimento do que se passa no processo contemplativo
dividi a experiência em 4 partes:
1 - Abrangência de mais vasto campo perceptivo
2 - Escurecimento da visão
3 - Aparição sutil de bolhas luminosas translúcidas
4 - Ondulação do campo visual ( Tontura )
Sobre isto deve ser discorrido:
Reações fisiológicas
Ferramentas perceptivas transcendentais
Métodos para que tal ocorra
níveis de desenvolvimento da atividade contemplativa
Para
entender o que ocorre exatamente durante a atividade contemplativa optou-se por
fazer uma divisão mais detalhada de diversas ferramentas de percepção do ser
humano, veremos como cada uma destas ferramentas como atua e como percebe a
contemplação, pois durante a atividade de contemplação temos duas
possibilidades básicas: uma é a de fazer, ou seja: provocar determinadas
situações. A outra é a de interpretar aquilo que está acontecendo. Temos em
nosso corpo, nossa mente e nosso espírito ferramentas e “máquinas”específicas
para atuar e provocar e outras para interpretar e assimilar.
Distinguem-se 5
categorias:
Física
Racional
Sentimental
Intuitiva
Transcendental
A - Atividade contemplativa e seu desenvolvimento
“Transcendental”
( “Percepção sensória
espiritual “)
Aqui
serão descritos os fenômenos de ordem de percepção espiritual que ocorrem
durante a atividade de contemplação.
Trata-se de um
processo progressivo, no qual não se pode atingir um grau sem antes ter passado
pelo outro, já discutimos muito sobre as reações fisiológicas e sobre as
hipóteses espíritas sobre este fenômeno. Há a exigência de um estado
psicológico específico, não basta sentar-se e ficar pasmo e mórbido olhando uma
imagem, devem estar envolvidas crenças religiosas ou místicas, crer piamente e
não fingir que crê, orar com o coração, verdadeiramente. Estes requisitos são
essenciais, pois pré-dispõe a mente a atingir níveis de percepção mais elevados
e peculiares. Vou tentar colocar uma síntese para cada estado de percepção:
1 - Abrangência de mais vasto campo perceptivo - Há a impressão de que o campo que a visão pode
abranger é mais largo que o comum, mesmo estando a visão direcionada com uma
mira precisa e pequena ( por exemplo os olhos de uma imagem de Jesus, ou mesmo
a lua ) ocorre o aumento da amplitude
visual, o que causa uma sensação diferente do comum, um fato que ocorre neste
momento é que não somente a amplitude da visão aumenta, como também a
capacidade de prestar atenção em tudo ao mesmo tempo, o que é difícil de
conceber segundo um método de entendimento tradicional, pois a tendência é
imaginarmos que só se pode prestar atenção no objeto ou imagem que esteja sendo
focalizado, no entanto na meditação contemplativa fugimos à esta regra. Quando
se contempla a copa de uma árvore, ou um vasto gramado, por exemplo, percebemos
em determinado momento do processo, que todos os mínimos movimentos do gramado
ou das folhas da árvore são percebidos de forma clara e precisa através da
mudança de tonalidades, sombras ou luzes do lugar. Numa igreja, como muitas
estátuas e imagens são de cor dourada ocorre interessante fenômeno em que as
partes douradas subsistem à apagar-se da visão enquanto as outras cores
apagam-se com maior facilidade, conforme será visto no próximo nível que
julguei conveniente chamar de “escurecimento da visão” É ainda neste primeiro
nível que o contorno das imagens é assimilado pela visão de tal maneira que se
o foco da visão é direcionado à outro lugar cria-se uma imagem reflexo
dos contornos daquilo que antes estava sendo focado, como se houvesse sido
feita uma fotocópia mental ou queiram chamar como quiser este curioso fenômeno.
Também importante dizer que as delimitações das imagens ficam incertas e não
precisas como anteriormente, justamente porque começam a tremer, como se
houvessem infindáveis pontinhos de luz piscando em todo o espaço que forma o ar
que está na frente delas.
2 - Escurecimento da visão - Após se tornar mais abrangente a visão começa aos
poucos a se turvar, não é um processo constante com começo, meio e fim, pode
ocorrer lapsos de escurecimento em que a visão por breve momento se turva e
logo retorna ao estado anterior, isto será devido à capacidade do contemplador
de guiar seus sentimentos religiosos e sua convicção inabalável no poder
superior, que supostamente atua juntamente com aquele que medita. Não é dito
que é fácil atingir patamares mais elevados de percepção sensorial espiritual,
muito pelo contrário é tão mais difícil quanto menor seja o treino e preparo,
por isto podem existir retrocessos e irregularidades durante o processo.
Durante este nível, em específico, o mundo “físico” ou mundo “material” desaparece,
não totalmente, tudo se obscurece, de modo que a percepção de um novo ambiente
se torna presente. Numa imagem religiosa é comum que tudo ao redor se escureça,
ficando somente algumas partes desta imagem visíveis, são as partes douradas,
ou as partes que sejam mais claras, o que proporciona uma sensação estética
bastante diferente, ainda que o objeto contemplado seja o mesmo que antes.
3 - Aparição sutil de bolhas luminosas
translúcidas - Num processo bastante
diferente pelo utilizado pela visão ordinária temos em meado à escuridão a
aparição de bolhas de cores fosforescentes, cores iridescentes, estas bolhas na
verdade não aparecem, elas sempre estão pelos ares, o que ocorre é que nós, que
em determinado momento chegamos em tal estado de concentração e meditação que
suscitamos em nosso psiquismo, em nosso cérebro a capacidade de visualiza-las.
Não sei tampouco se à esta altura da discussão o termo “visualizar”seja o mais
adequado para indicara a captação destas bolhas por parte do ser contemplativo,
pois elas se apresentam de maneira fugidia, não se pode tentar olha-las assim
como se olha qualquer coisa, deve-se antes utilizar potencialidades psíquicas
de vontade e oração com fervor para ter acesso à elas. É evidente que é tão
mais difícil continuar mantendo um nivel perceptivo quanto mais elevado seja
este nível.
4 - Ondulação do campo visual ( Tontura ) - A visão pode começar a virar inclinada, como se a
cabeça estivesse deitando-se. Aparecem no campo de percepção visual, que já se
encontra absolutamente alterado, ondulações da realidade física. Nesta questão
das ondulações o único termo comparativo que poderia propor ao leitor além da
noção de ondulação da margem de um lago seria do efeito especial que muitas
vezes vemos em filmes quando o personagem lembra algo que ocorreu no passado.
5 – Visão da outra dimensão – Nesta parte do processo
acontece um fenômeno que sinceramente, encontro grandes dificuldades de
descrever, de tão diferente que é da realidade ordinária. O fato que ocorre no
5o nível é que você vê absolutamente a mesma realidade que é numa
visão comumente utilizada, no entanto sob uma perspectiva totalmente nova. Uma
comparação que pude imaginar quando fui acometido por tal aventura é a analogia
desta situação com aqueles livros de figuras com 3 dimensões que têm desenhos
repetidos minúsculos, quando você prostra os olhos nas imagens nada vê de
interessante a não ser uma imagem de um só plano, ao ficar vesgo nota de
repente que há um mundo inteiramente novo naquele mesmo lugar, o fato mais
surpreendente é que você ainda está olhando para a mesma coisa. Julguei esta
comparação com a que mais pôde se aproximar da sensação que tive. Seria aquela
a 4a dimensão? De fato faz sentido, pois tive a sensação de estar
vendo a figura do santo ( que era o que contemplava no momento ) de maneira
mais completa, mais verdadeira, e pensei ainda o quão ingênua e pequena era a
outra maneira.
Por quê
ocorrem estes fenômenos? Qual é a verdadeira importância deles na vida? Por quê
meditar? Para quê contemplar? Quê irá isto acrescentar em minha vida cotidiana?
A
começar pela tua perspectiva de vida: é certo que estudando a filosofia que
está por trás deste processo tua concepção do mundo que te cerca e de tu mesmo
irá mudar de maneira descomunal, de modo que as coisas que antes julgavas de
imprescindível importância podem ser até postas num segundo plano, ou até mesmo
relegadas. A filosofia de vida é o conjunto ideológico e racional que guia sua maneira de viver, mudando um conjunto de
idéias mudaremos também o procedimento que tomamos para com nós mesmos e para
com o mundo que nos cerca. Assim, dentro da concepção trancendental a atitude
contemplativa é de importância primeira na vida de uma pessoa, pois ela entrará
em contato com a totalidade de seu “ser”, o “eu” verdadeiro, não quero dizer
que vivemos num “eu” falso mas sim que, para ilustrar, somos 30% do “eu”total,
quando entramos em estados de meditação mais elevados vamos aumentando esta
porcentagem, até quem sabe, encontrar os 100%. É sabido entretanto que o ser
encarnado nunca atinge uma vivência plena com “eu”, pois a couraça material
traz consigo restrições e delimitações das mais diversas, fazendo com que não
nos conheçamos em totalidade. O que a contemplação faz é justamente evitar o
distanciamento com o “eu”total, nos proporcionando a perspectiva exata de quem
somos nós, e qual o caminho a seguir. Isto quando a meditação é efetiva, pois
podemos achar que estamos meditando quando não conseguimos devido à fatores
relacionados às problemáticas humanas, um médium jamais se abstém com detalhes
mesquinhos, deve sempre santificar-se, buscar seu máximo. Santificar-se
significa seguir, na medida do potencial de cada um o evangelho de Jesus
Cristo.
A
importância da meditação na vida, é tornar a vida uma vivência plena, de acordo
com a perspectiva espiritual.
B - Atividade contemplativa e seu
desenvolvimento “Sentimental”
Fizemos a
análise do processo contemplativo sob o ponto de vista da percepção
“extra-sensorial” ou transcendental, conforme o modelo proposto no livro
“Interpretação do mundo”, de minha autoria, vamos analisar os níveis de
desenvolvimento da atividade contemplativa sob o crivo do sentimento ( A
seqüência completa de ferramentas interpretativas do mundo é: Físico, Intelectual, Sentimental, Intuitivo e
Transcendental )
( Imagem de santos )
1 - Reconhecimento psicológico da imponência de
entidades espirituais superiores – Pensa-se na vida dos santos em geral, vai de cada
um, conforme a religião ou os santos de maior apreço. O fato é que na
imaginação da pessoa há uma biografia para cada santo, com seus feitos e sua
conduta na terra. O sujeito crê piamente na veracidade das histórias dos
santos, o fato de crer condiz com uma postura psicológica imprescindível para o
avanço dos “níveis de desenvolvimento da atividade contemplativa”, os
pensamentos racionais comumente utilizados no dia a dia não têm de interferir,
aliás devem se manter distantes e deixar que a história inicialmente fantasiosa
se torne uma verdade para o coração de tal modo que se forme um sentimento de
submissão perante tanta grandeza. Todo este processo retrata uma estratégia
psicológica para atingir patamares mais elevados de enlevação sentimental e
transcendental ( quando digo transcendental me refiro aos fenômenos que estão
além da esfera física ), se existe ou não uma outra conduta psicológica para
isto ainda não sei, podemos cogitar relacionar com o fato de uma contemplação
não religiosa ( quadros ou natureza ) aí é óbvio que o processo se daria de
maneira diferente, ainda que por uma questão de raciocínio lógico deveríamos convir
que algumas das partes principais do processo seriam iguais tanto nos quadros
como nos santos, tanto contemplar o escuro como um mar. Isto reverte nossa
discussão para o fato de que há uma base a partir da qual existiriam variações
específicas ( de postura psicológica ) para cada tipo de objeto contemplado.
2 - Crença absoluta nas teorias filosóficas
religiosas - Existem teorias filosóficas
das mais diversas nas explicações do Divino, assim que há por exemplo
compêndios Indianos ou Ocidentais, tudo possui uma estrutura complexa e muitas
vezes muito bem elaborada, o devoto que se preze não se restringe somente a orar
mais também à estudar uma filosofia existencialista e teologia. Este é o
momento em que todos os seus estudos são postos à prova. Ou ele crê naquilo que
estudou ou não crê! Em matéria de fé não existe meio termo, seja esta fé
racional ou não.
3 – Humildade – Neste momento toda sua oblação se converte
numa devoção insaciável, numa busca infinita pelo verdadeiro sentido das
questões espirituais, uma força descomunal o motiva a prosseguir na
contemplação horas a fio. Toda a conduta moral do evangelho de Jesus é também
posta em pauta e levada em consideração em seus mais íntimos recôndito, é na
pequenez de sua vida e de suas preocupações ínfimas diante das questões da
verdade do Universo infinito que ele encontra a verdadeira humildade.
4 - Reconstrução do sentido da vida – Este é o momento em que
todos os conceitos da vida da pessoa que exercita contemplação são analisados e
revistos podendo ser mudados por outros mais verdadeiros, mais corretos, mais
proveitosos. O fato é que durante a atividade contemplativa descobrimos coisas
novas, não é uma atividade monótona e repetitiva, muito pelo contrário:
entra-se em contato com o super-consciente sendo assim possível captar dele
toda a essência que antes estava sendo deixada de lado, é por isto que temos a
impressão de estar recebendo muitas novidades conceituais das noções que temos
perante as mais diversas situações da vida. É a grande problemática do ser
humano, trabalhar seus pontos mais gritantes, mais fracos e pertinentes e assim
reconstruir uma nova ideologia da vida, o que é difícil, por isto os exercícios
espirituais são de grande dificuldade psicológica para o homem.
5 - Fé inabalável na bondade de Deus – Aqui não há quaisquer
dúvidas ou receios na existência de uma ordem moral no mundo total ( que se
constitui do mundo material e espiritual ) Há certeza absoluta na harmonia do
universo, de tal modo é esta convicção que nem mesmo é necessário explicar o por
quê disto, pois estamos no âmbito dos sentimentos que superam as limitadas
capacidades do pensamento racional, é por isto que para chegar ao “êxtase”
espiritual o pensamento por si só não é suficiente, temos de chegar ao patamar
dos sentimentos, das convicções plenas de fé, ainda que não façam nexo com
pensamentos racionais. A harmonia é totalmente concordante com a bondade e a
boa conduta moral, não deve-se exatamente tentar entender racionalmente os por
quês da existência ou não de Deus neste momento, pois agora a certeza já é
absoluta, não há medo nem receios por causa do mal, pois o bem é infinitamente
superior, desfaz o mal colocando-o como uma ilusão, algo que não faz parte do
sentido verdadeiro do mundo.
6 - “Libertação Espiritual” – Sentimento especial e
específico de um contato amplo com o super-consciente, por isto diferente de
sentimentos convencionais, uma característica é choro abundante.
Atividade contemplativa e seu desenvolvimento “Físico”
Corpo parado
Energia entrando através do topo da cabeça
“Ballonament”
Perca de propriocepção
Perca da percepção espacial convencional
Conversa entre dois homens
Todos os dias, num quarto permeado de escuridão
absoluta, eu me sento numa cadeira e olho numa caneca de café, e lá no fundo
visualizo um mundo de cores, e me pergunto: - Você realmente se da conta do que
a realidade é?
Não! Não! Que hei
eu fazer diante de tamanha ignorância? Que hei de fazer senão orar, e clamar à
Deus para que dia a diz elucide minha mente obscurecida, minha limitada noção
de realidade, para que assim eu possa um diz vislumbrar, mesmo que de maneira
parca e restrita, o mundo, o verdadeiro mundo. De fato: o que vivemos não passa
de um sonho, o dia em que acordarmos certamente ficaremos assombrados com
tamanha proporção na medida do mundo real. Quão ignorante sou, ainda bem que ao
menos, com minha inteligência desconsiderável perto do conhecimento espiritual
posso saber ao menos que sou um ignorante, coitado daqueles que sonham, e no
sonho julgam viver a realidade, ai destes.
Não! Não! Como
pude ser tão desmiolado, ficar aí à toa pelos cantos filosofando, devaneando
como um louco varrido, ora estas, isto não leva à lugar nenhum, tenho mais é
que viver a vida e nela me deleitar, desfrutar de todos os prazeres que ela
oferece. Não entendo essa gente doida, pois o segredo da vida nela está, só
pode ser descoberta por ela mesmo e não por outros meios.
Ela mesmo? E
que julgas que seja ela mesmo? Será um chorar ela mesmo? Será um pensar ela
mesmo? Será um cogitar ela mesmo? Me entendes homem prático? Falo justo do fato
de que a experiência do viver pode em tudo se encontrar, inclusive no pensar
por tese e antítese. No olhar até devanear. No nada fazer. No perambular
distraidamente pela rua. No do nada criar. Tudo é experiência! Ignorante é
aquele que só vê o mundo através da experiência empírica, e não nota que a
própria atitude dialética por si só é uma experiência das mais valorosas, é
assim que chegamos à conclusões das mais complexas. O que sem a atividade
abstrata do pensamento não seria possível.
Quê asneiras
dizes? Acaso crês que sou tão perdido
quanto tu és?
Não, apenas um
precipitado, direi ainda mais, não para que creias, pois isto parece na visão
de qualquer são algo impossível, mas para que refutes, pois é assim que
funciona meu viver: A própria atividade contemplativa não se estagna no campo
da dialética, senão ultrapassa-o chegando a constituir um empirismo. Ou melhor
é um processo de três fases: Empírico – Dialético – Empírico
Dizes
parlapatices das mais diversas, nada entra em conformidade com o que possa se
entender como vida ou realidade.
Não entendes
que no detalhe da contemplação está o impulso veemente da alma? É na imaginação
que está a alegria da vida!
Tuas palavras
estão permeadas de obscuridades
Talvez você
tenha que rever teus conceitos de vida