Wednesday, October 30, 2024

11 - Valores da Contemplação

 

      Valores da contemplação:

      O exercício contemplativo espiritual é de grande importância ao ser humano, o valor deste ato na vida de um ser humano é alto, já que constitui a base de sua própria vida. Corresponde à uma experiência que transcende o intelecto, faz com que a pessoa entre em contacto com sua essência integral, e fuja ao entendimento parco e fragmentar que tem de si mesmo.

      A oração auxilia o ser humano a entrar em contato com as suas essências espirituais, assim, quando se ora muitas vezes comete-se o engano de pedir algo que está fora de sua essência espiritual, pois somos levados por nossas mesquinhas preocupações, que são mundanas. Por consequência após acontecimentos diversos que transcorreram após a oração crê-se erroneamente que se recebeu injustamente uma sorte de vida errada, o certo é afirmar que esta sorte de vida não está errada, mas contraria nosos objetos de interesse humanos mas está de acordo com os objetivos santificados, que são os que correspondem ao centro de todas as nossas necessidades espirituais. O que devemos nos esforçar para visualizar, durante nossas preces é o objeto espiritual, a “verdade essencial futura”, e não a verdade humana, criada por nossos interesses distorcidos e incertos. Quem cria a verdade essencial é a própria realidade do mundo, esta problemática se funda exlusivamente na liberdade que Deus concedeu ao homem, pois a partir deste momento o homem soube o que é se perder, querendo criar seu próprio destino, que quando sai de determinados parâmetros se mostra ilusório.

      A expectativa do ser humano em suas preces deve estar fora de qualquer interesse terreno, e colocada num patamar infinitamente mais sublime, o portal espiritual deve ser atravessado neste momento, tudo o mais pode ser considerado supérfluo. Na vida corriqueira, fora das longas orações noturnas, o homem deve usar sua humanidade cheia de preceitos morais e religiosos, mo intuito de encontrar a alegria. Nas situações mais simples poderá extasiar-se de satisfação espiritual. Estes tipos de situações  nos leva à um patamar de felicidade indescritível, onde as coisas da vida são impregnadas de um valor belo, magnífico e mágico.

      É por esta sensação de Bem Aventurança que pode-se dizer que viver é uma aventura extasiante, é mais que ocupar-s em diferentes atividades de maneira corriqueira e supérflua, é simples e profundo ao mesmo tempo. A vida está intimamente relacionada com os sentimentos e idéias humanos mais complexos, profundos e enlevados. Conforme a expressão: “Lava-se a alma”, a vida verdadeira é uma limpeza espiritual total.

      A felicidade é tal gama de sentimento que faz com que para tudo o que olhemos, após sentí-la, seja infinitamente belo e realizador, pois é sentimento contínuo, que se propaga mesmo após a ocasião que a causou, lembrar a ocasião nos revigora com este sentimento de pura alegria. Assim tudo o que cerca adquire um novo sentido, o único sentido: O sentido da felicidade derradeira.

      Por que o mundo físico é importante? Porque não viver somente no espírito? Para discutir estas questões vamos expor algumas hipóteses sobre a contemplação e uma possível definição deste processo. Contemplação é um modo de contato com a realidade que o ser humano têm. Entretanto que é a realidade? OPnde está ela? Seria realidade tudo aquilo que estivesse fora do ser contemplador, no entanto as características internas também constituem realidade, assim temos realidade interna e externa. Mediante isto: Quê significa exatamente contemplar? Assimilar uma realidade externa?

      A atividade contemplativa se utiliza dos recursos internos para assimilar aquilo que está externamente, quanto mais complexos são os valores internos tão mais minuciosa será a realidade externa. É neste jogo dual que está a interpretação da realidade, como cada pessoa têm valores internos consideravelmente distintos ocorre que os mesmos objetos externos serão vistos de diferentes maneiras. O ato contemplativo, mediante estes preceitos se torna um tanto mais complexo que simplesmente assimilar realidades externas já definidas, pois a realidade externa só é definida quando em contato com a realidade interna. Nisto consiste toda a contrariedade humana.

      Ao contemplar uma música, o sujeito irá se deparar com um “objeto externo”, que corresponde à música. Durante o decurso desta irá assimila-la colocando-a sob o julgo de seus valores pessoais criando uma impressão específica, é como se o sujeito fosse parte da criação da realidade, pois ele ajuda a criar algo bastante personalizado. Isto ocorre mesmo que não faça isto de maneira consciente, pois é um processo imperceptível. Por isto é impossível criar uma definição exclusiva de belo e feio, agradável ou desagradável, proveitoso ou desnecessário. Somente cada indivíduo poderá por si mesmo poderá tirar suas conclusões personalizadas daquela música. Isto se aplica à qualquer objeto ou mesmo às idéias, conforme pode-se concluir.

      O hábito de praticar meditação contremplativa, quando criado um afinco irrefutável, é algo que influencia a vida de tal maneira que passa-se a percebê-la de outra maneira. Que outra modo seria este de perceber a vida? Ora, a realidade é, em uma de suas vertentes localizada fora do sujeito.  Assim, para que entremos em contato com a realidade externa deve haver um meio, este meio de perceber a vida é a contemplação, que pode se ramificar em contemplação auditiva ou visual. O grande segredo do ato contemplativo, conforme descrito pelo poema inicial é a minucia, o detalhe as pequeninas coisas que são percrustadas pela mente de mneira avassaladora e insistene, num ato místico e mágico. Isto esclarece o olhar fixo dos feiticeiros, aqueles olhos que ficam totalmente abertos, sem sequer piscar, impondo uma verdade moral atravéz de um olhar de maneira direta e mais verdadeira do que poderiam ser as mais largas e vastas explanações racionais fundamentadas numa retórica precisa e perfeccionista. O poder dos magos, em parte, se fundamenta no desenvolvimento da capacidade contemplativa, os magos, médiuns, feiticeiros ou mesmo os artistas têm uma percepção das coisas do mundo incomensurávelmente mais aprofundada que outros, isto porque não se contentam somente com aquilo que o mundo aparenta ser, consideram sempre as coisas mundanas como mesquinharias oferecidas pela realidade, por isto devem elevar sua interpretação do mundo externo ou mesmo de suas cogitações internas à um grau super-especializado, à um patamar de proporções máximas, sempre buscam suas máximas capacidades de enriquecer determinada situação. Cada situação, que de maneira superflua poderia ser considerada como uma passagem corriqueira do dia a dia é situação importante à qual deve ser impregnado valores profundos e verdadeiros, sempre relacionando-as com a religião e com a filosofias de suas respectivas vidas. Não se passa pela vida como quem não quer nada, mas sim doa-se à vida o valor supremo das verdades espirituais, psíquicas, morais e estéticas. Notem leitores à que profundidade chega o aspecto contemplativo, não é uma brincadeira meditativa, mas uma atividade de primazia na vida daquele que se dispõem à praticar, por isto, as orações noturnas, as contemplações, as adorações de santos devem ser praticadas em toda a sua plenitude, pois é isto que faz um médium, mago ou feiticeiro, ele leva ao limite sua mente, seu corpo alicerçado numa moral sem igual. Para contemplar-se uma imagem de santo deve haver análise “microscópica”, de modo que é impossível fazer isto se não se levar o ato contemplativo aos extremos. Assim como para compor complexa e maravilhosa sinfonia o homem deve levar suas capacidades intuitivas, intelectuais, sentimentais ao extremo o mesmo ocorre na contemplação. Deste modo adquire-se um alargamento do consciente, captamos as essências psíquicas das pessoas de maneira direta, sem nos deixar arrebatar pelas impressões superficiais das pessoas e do mundo em si.

      Como dito: tudo que existe para ser assimilado, para que o seja, deve antes ser contemplado. Quanto mais alto seja o grau de contemplação mais preciso será o descobrimento daquela realidade. Amar a arte, e deleitar-se com exposições ou concertos é praticar contemplação. Este é o modo mais óbvio de pensar-se em contemplação, no entanto existem outros, como contemplar a natureza. Qual será o dia, em que o homem, dotado de tamanha inteligência e sagacidade, conseguirá se equiparar à criação da natureza nas belezas do mundo? Contemplar a natureza é reconhecer sua infinita superioridade diante do homem. No desenvolvimento desta atividade ficamos verdadeiramente embasbacados com a beleza natural do mundo. Uma terceira possibilidade é contemplar as pessoas que nos cercam, nos mínimos gestos, atitudes, e mesmo em suas fisionomias e constituições físicas, tudo isto têm muito à revelar, se soubermos interpretar sabiamente e não como seres humanos, deve-se fazer interpretação mística e espiritual das coisas, somente neste momento teremos a percepção total da realidade espiritual do mundo. Ou vive-se de acordo com tuas crenças ou não! Não existe meio termo! Se tu crer em alguma verdade deverá adota-la na tua vivência diária  de maneira incisiva e conforme crê a tua mente e teu coração, do contrário esta será uma crença falsa. Se tu crês em Deus deverá viver conforme as leis desta crença. Não existe meio termo nas crenças da vida!

       Para maior facilidade do entendimento do que se passa no processo contemplativo dividi a experiência em 4 partes:

1 - Abrangência de mais vasto campo perceptivo

2 - Escurecimento da visão

3 - Aparição sutil de bolhas luminosas translúcidas

4 - Ondulação do campo visual ( Tontura )

 

Sobre isto deve ser discorrido:

Reações fisiológicas

Ferramentas perceptivas transcendentais

Métodos para que tal ocorra

 

níveis de desenvolvimento da atividade contemplativa

        Para entender o que ocorre exatamente durante a atividade contemplativa optou-se por fazer uma divisão mais detalhada de diversas ferramentas de percepção do ser humano, veremos como cada uma destas ferramentas como atua e como percebe a contemplação, pois durante a atividade de contemplação temos duas possibilidades básicas: uma é a de fazer, ou seja: provocar determinadas situações. A outra é a de interpretar aquilo que está acontecendo. Temos em nosso corpo, nossa mente e nosso espírito ferramentas e “máquinas”específicas para atuar e provocar e outras para interpretar e assimilar.

Distinguem-se 5 categorias:

Física

Racional

Sentimental

Intuitiva

Transcendental

 
A - Atividade contemplativa e seu desenvolvimento “Transcendental”

 

 ( “Percepção sensória espiritual “)

      Aqui serão descritos os fenômenos de ordem de percepção espiritual que ocorrem durante a atividade de contemplação.

      Trata-se de um processo progressivo, no qual não se pode atingir um grau sem antes ter passado pelo outro, já discutimos muito sobre as reações fisiológicas e sobre as hipóteses espíritas sobre este fenômeno. Há a exigência de um estado psicológico específico, não basta sentar-se e ficar pasmo e mórbido olhando uma imagem, devem estar envolvidas crenças religiosas ou místicas, crer piamente e não fingir que crê, orar com o coração, verdadeiramente. Estes requisitos são essenciais, pois pré-dispõe a mente a atingir níveis de percepção mais elevados e peculiares. Vou tentar colocar uma síntese para cada estado de percepção:

 

1 - Abrangência de mais vasto campo perceptivo  - Há a impressão de que o campo que a visão pode abranger é mais largo que o comum, mesmo estando a visão direcionada com uma mira precisa e pequena ( por exemplo os olhos de uma imagem de Jesus, ou mesmo a lua )  ocorre o aumento da amplitude visual, o que causa uma sensação diferente do comum, um fato que ocorre neste momento é que não somente a amplitude da visão aumenta, como também a capacidade de prestar atenção em tudo ao mesmo tempo, o que é difícil de conceber segundo um método de entendimento tradicional, pois a tendência é imaginarmos que só se pode prestar atenção no objeto ou imagem que esteja sendo focalizado, no entanto na meditação contemplativa fugimos à esta regra. Quando se contempla a copa de uma árvore, ou um vasto gramado, por exemplo, percebemos em determinado momento do processo, que todos os mínimos movimentos do gramado ou das folhas da árvore são percebidos de forma clara e precisa através da mudança de tonalidades, sombras ou luzes do lugar. Numa igreja, como muitas estátuas e imagens são de cor dourada ocorre interessante fenômeno em que as partes douradas subsistem à apagar-se da visão enquanto as outras cores apagam-se com maior facilidade, conforme será visto no próximo nível que julguei conveniente chamar de “escurecimento da visão” É ainda neste primeiro nível que o contorno das imagens é assimilado pela visão de tal maneira que se o foco da visão é direcionado à outro lugar cria-se uma imagem reflexo dos contornos daquilo que antes estava sendo focado, como se houvesse sido feita uma fotocópia mental ou queiram chamar como quiser este curioso fenômeno. Também importante dizer que as delimitações das imagens ficam incertas e não precisas como anteriormente, justamente porque começam a tremer, como se houvessem infindáveis pontinhos de luz piscando em todo o espaço que forma o ar que está na frente delas.

2 - Escurecimento da visão  - Após se tornar mais abrangente a visão começa aos poucos a se turvar, não é um processo constante com começo, meio e fim, pode ocorrer lapsos de escurecimento em que a visão por breve momento se turva e logo retorna ao estado anterior, isto será devido à capacidade do contemplador de guiar seus sentimentos religiosos e sua convicção inabalável no poder superior, que supostamente atua juntamente com aquele que medita. Não é dito que é fácil atingir patamares mais elevados de percepção sensorial espiritual, muito pelo contrário é tão mais difícil quanto menor seja o treino e preparo, por isto podem existir retrocessos e irregularidades durante o processo. Durante este nível, em específico, o mundo “físico” ou mundo “material” desaparece, não totalmente, tudo se obscurece, de modo que a percepção de um novo ambiente se torna presente. Numa imagem religiosa é comum que tudo ao redor se escureça, ficando somente algumas partes desta imagem visíveis, são as partes douradas, ou as partes que sejam mais claras, o que proporciona uma sensação estética bastante diferente, ainda que o objeto contemplado seja o mesmo que antes.

3 - Aparição sutil de bolhas luminosas translúcidas  - Num processo bastante diferente pelo utilizado pela visão ordinária temos em meado à escuridão a aparição de bolhas de cores fosforescentes, cores iridescentes, estas bolhas na verdade não aparecem, elas sempre estão pelos ares, o que ocorre é que nós, que em determinado momento chegamos em tal estado de concentração e meditação que suscitamos em nosso psiquismo, em nosso cérebro a capacidade de visualiza-las. Não sei tampouco se à esta altura da discussão o termo “visualizar”seja o mais adequado para indicara a captação destas bolhas por parte do ser contemplativo, pois elas se apresentam de maneira fugidia, não se pode tentar olha-las assim como se olha qualquer coisa, deve-se antes utilizar potencialidades psíquicas de vontade e oração com fervor para ter acesso à elas. É evidente que é tão mais difícil continuar mantendo um nivel perceptivo quanto mais elevado seja este nível.

4 - Ondulação do campo visual ( Tontura )  - A visão pode começar a virar inclinada, como se a cabeça estivesse deitando-se. Aparecem no campo de percepção visual, que já se encontra absolutamente alterado, ondulações da realidade física. Nesta questão das ondulações o único termo comparativo que poderia propor ao leitor além da noção de ondulação da margem de um lago seria do efeito especial que muitas vezes vemos em filmes quando o personagem lembra algo que ocorreu no passado.

5 – Visão da outra dimensão – Nesta parte do processo acontece um fenômeno que sinceramente, encontro grandes dificuldades de descrever, de tão diferente que é da realidade ordinária. O fato que ocorre no 5o nível é que você vê absolutamente a mesma realidade que é numa visão comumente utilizada, no entanto sob uma perspectiva totalmente nova. Uma comparação que pude imaginar quando fui acometido por tal aventura é a analogia desta situação com aqueles livros de figuras com 3 dimensões que têm desenhos repetidos minúsculos, quando você prostra os olhos nas imagens nada vê de interessante a não ser uma imagem de um só plano, ao ficar vesgo nota de repente que há um mundo inteiramente novo naquele mesmo lugar, o fato mais surpreendente é que você ainda está olhando para a mesma coisa. Julguei esta comparação com a que mais pôde se aproximar da sensação que tive. Seria aquela a 4a dimensão? De fato faz sentido, pois tive a sensação de estar vendo a figura do santo ( que era o que contemplava no momento ) de maneira mais completa, mais verdadeira, e pensei ainda o quão ingênua e pequena era a outra maneira.

 

 

      Por quê ocorrem estes fenômenos? Qual é a verdadeira importância deles na vida? Por quê meditar? Para quê contemplar? Quê irá isto acrescentar em minha vida cotidiana?

       A começar pela tua perspectiva de vida: é certo que estudando a filosofia que está por trás deste processo tua concepção do mundo que te cerca e de tu mesmo irá mudar de maneira descomunal, de modo que as coisas que antes julgavas de imprescindível importância podem ser até postas num segundo plano, ou até mesmo relegadas. A filosofia de vida é o conjunto ideológico e racional que guia  sua maneira de viver, mudando um conjunto de idéias mudaremos também o procedimento que tomamos para com nós mesmos e para com o mundo que nos cerca. Assim, dentro da concepção trancendental a atitude contemplativa é de importância primeira na vida de uma pessoa, pois ela entrará em contato com a totalidade de seu “ser”, o “eu” verdadeiro, não quero dizer que vivemos num “eu” falso mas sim que, para ilustrar, somos 30% do “eu”total, quando entramos em estados de meditação mais elevados vamos aumentando esta porcentagem, até quem sabe, encontrar os 100%. É sabido entretanto que o ser encarnado nunca atinge uma vivência plena com “eu”, pois a couraça material traz consigo restrições e delimitações das mais diversas, fazendo com que não nos conheçamos em totalidade. O que a contemplação faz é justamente evitar o distanciamento com o “eu”total, nos proporcionando a perspectiva exata de quem somos nós, e qual o caminho a seguir. Isto quando a meditação é efetiva, pois podemos achar que estamos meditando quando não conseguimos devido à fatores relacionados às problemáticas humanas, um médium jamais se abstém com detalhes mesquinhos, deve sempre santificar-se, buscar seu máximo. Santificar-se significa seguir, na medida do potencial de cada um o evangelho de Jesus Cristo.

      A importância da meditação na vida, é tornar a vida uma vivência plena, de acordo com a perspectiva espiritual.

 

 

 

 

 

     

B - Atividade contemplativa e seu desenvolvimento “Sentimental”

 

      Fizemos a análise do processo contemplativo sob o ponto de vista da percepção “extra-sensorial” ou transcendental, conforme o modelo proposto no livro “Interpretação do mundo”, de minha autoria, vamos analisar os níveis de desenvolvimento da atividade contemplativa sob o crivo do sentimento ( A seqüência completa de ferramentas interpretativas do mundo é:  Físico, Intelectual, Sentimental, Intuitivo e Transcendental )

( Imagem de santos )

1 - Reconhecimento psicológico da imponência de entidades espirituais superiores – Pensa-se na vida dos santos em geral, vai de cada um, conforme a religião ou os santos de maior apreço. O fato é que na imaginação da pessoa há uma biografia para cada santo, com seus feitos e sua conduta na terra. O sujeito crê piamente na veracidade das histórias dos santos, o fato de crer condiz com uma postura psicológica imprescindível para o avanço dos “níveis de desenvolvimento da atividade contemplativa”, os pensamentos racionais comumente utilizados no dia a dia não têm de interferir, aliás devem se manter distantes e deixar que a história inicialmente fantasiosa se torne uma verdade para o coração de tal modo que se forme um sentimento de submissão perante tanta grandeza. Todo este processo retrata uma estratégia psicológica para atingir patamares mais elevados de enlevação sentimental e transcendental ( quando digo transcendental me refiro aos fenômenos que estão além da esfera física ), se existe ou não uma outra conduta psicológica para isto ainda não sei, podemos cogitar relacionar com o fato de uma contemplação não religiosa ( quadros ou natureza ) aí é óbvio que o processo se daria de maneira diferente, ainda que por uma questão de raciocínio lógico deveríamos convir que algumas das partes principais do processo seriam iguais tanto nos quadros como nos santos, tanto contemplar o escuro como um mar. Isto reverte nossa discussão para o fato de que há uma base a partir da qual existiriam variações específicas ( de postura psicológica ) para cada tipo de objeto contemplado.

2 - Crença absoluta nas teorias filosóficas religiosas  - Existem teorias filosóficas das mais diversas nas explicações do Divino, assim que há por exemplo compêndios Indianos ou Ocidentais, tudo possui uma estrutura complexa e muitas vezes muito bem elaborada, o devoto que se preze não se restringe somente a orar mais também à estudar uma filosofia existencialista e teologia. Este é o momento em que todos os seus estudos são postos à prova. Ou ele crê naquilo que estudou ou não crê! Em matéria de fé não existe meio termo, seja esta fé racional ou não.

3 – Humildade – Neste momento toda sua oblação se converte numa devoção insaciável, numa busca infinita pelo verdadeiro sentido das questões espirituais, uma força descomunal o motiva a prosseguir na contemplação horas a fio. Toda a conduta moral do evangelho de Jesus é também posta em pauta e levada em consideração em seus mais íntimos recôndito, é na pequenez de sua vida e de suas preocupações ínfimas diante das questões da verdade do Universo infinito que ele encontra a verdadeira humildade.

4 - Reconstrução do sentido da vida – Este é o momento em que todos os conceitos da vida da pessoa que exercita contemplação são analisados e revistos podendo ser mudados por outros mais verdadeiros, mais corretos, mais proveitosos. O fato é que durante a atividade contemplativa descobrimos coisas novas, não é uma atividade monótona e repetitiva, muito pelo contrário: entra-se em contato com o super-consciente sendo assim possível captar dele toda a essência que antes estava sendo deixada de lado, é por isto que temos a impressão de estar recebendo muitas novidades conceituais das noções que temos perante as mais diversas situações da vida. É a grande problemática do ser humano, trabalhar seus pontos mais gritantes, mais fracos e pertinentes e assim reconstruir uma nova ideologia da vida, o que é difícil, por isto os exercícios espirituais são de grande dificuldade psicológica para o homem.

5 - Fé inabalável na bondade de Deus – Aqui não há quaisquer dúvidas ou receios na existência de uma ordem moral no mundo total ( que se constitui do mundo material e espiritual ) Há certeza absoluta na harmonia do universo, de tal modo é esta convicção que nem mesmo é necessário explicar o por quê disto, pois estamos no âmbito dos sentimentos que superam as limitadas capacidades do pensamento racional, é por isto que para chegar ao “êxtase” espiritual o pensamento por si só não é suficiente, temos de chegar ao patamar dos sentimentos, das convicções plenas de fé, ainda que não façam nexo com pensamentos racionais. A harmonia é totalmente concordante com a bondade e a boa conduta moral, não deve-se exatamente tentar entender racionalmente os por quês da existência ou não de Deus neste momento, pois agora a certeza já é absoluta, não há medo nem receios por causa do mal, pois o bem é infinitamente superior, desfaz o mal colocando-o como uma ilusão, algo que não faz parte do sentido verdadeiro do mundo.

6 - “Libertação Espiritual” – Sentimento especial e específico de um contato amplo com o super-consciente, por isto diferente de sentimentos convencionais, uma característica é choro abundante.

 

 

 

Atividade contemplativa e seu desenvolvimento “Físico”

 

Corpo parado

Energia entrando através do topo da cabeça

“Ballonament”

Perca de propriocepção

Perca da percepção espacial convencional

 

Conversa entre dois homens

Todos os dias, num quarto permeado de escuridão absoluta, eu me sento numa cadeira e olho numa caneca de café, e lá no fundo visualizo um mundo de cores, e me pergunto: - Você realmente se da conta do que a realidade é?

   

  Não! Não! Que hei eu fazer diante de tamanha ignorância? Que hei de fazer senão orar, e clamar à Deus para que dia a diz elucide minha mente obscurecida, minha limitada noção de realidade, para que assim eu possa um diz vislumbrar, mesmo que de maneira parca e restrita, o mundo, o verdadeiro mundo. De fato: o que vivemos não passa de um sonho, o dia em que acordarmos certamente ficaremos assombrados com tamanha proporção na medida do mundo real. Quão ignorante sou, ainda bem que ao menos, com minha inteligência desconsiderável perto do conhecimento espiritual posso saber ao menos que sou um ignorante, coitado daqueles que sonham, e no sonho julgam viver a realidade, ai destes.

      Não! Não! Como pude ser tão desmiolado, ficar aí à toa pelos cantos filosofando, devaneando como um louco varrido, ora estas, isto não leva à lugar nenhum, tenho mais é que viver a vida e nela me deleitar, desfrutar de todos os prazeres que ela oferece. Não entendo essa gente doida, pois o segredo da vida nela está, só pode ser descoberta por ela mesmo e não por outros meios.

      Ela mesmo? E que julgas que seja ela mesmo? Será um chorar ela mesmo? Será um pensar ela mesmo? Será um cogitar ela mesmo? Me entendes homem prático? Falo justo do fato de que a experiência do viver pode em tudo se encontrar, inclusive no pensar por tese e antítese. No olhar até devanear. No nada fazer. No perambular distraidamente pela rua. No do nada criar. Tudo é experiência! Ignorante é aquele que só vê o mundo através da experiência empírica, e não nota que a própria atitude dialética por si só é uma experiência das mais valorosas, é assim que chegamos à conclusões das mais complexas. O que sem a atividade abstrata do pensamento não seria possível.

      Quê asneiras dizes? Acaso crês que sou  tão perdido quanto tu és?

      Não, apenas um precipitado, direi ainda mais, não para que creias, pois isto parece na visão de qualquer são algo impossível, mas para que refutes, pois é assim que funciona meu viver: A própria atividade contemplativa não se estagna no campo da dialética, senão ultrapassa-o chegando a constituir um empirismo. Ou melhor é um processo de três fases: Empírico – Dialético – Empírico

        Dizes parlapatices das mais diversas, nada entra em conformidade com o que possa se entender como vida ou realidade.

      Não entendes que no detalhe da contemplação está o impulso veemente da alma? É na imaginação que está a alegria da vida!

       Tuas palavras estão permeadas de obscuridades

       Talvez você tenha que rever teus conceitos de vida

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

     

No comments:

Post a Comment

13 - Conversa entre dois homens

  13 - Conversa entre dois homens Todos os dias, num quarto permeado de escuridão absoluta, eu me sento numa cadeira e olho numa caneca de...