Wednesday, October 30, 2024

3 - Características Mediúnicas

 

  CARACTERÍSTICAS MEDIÚNICAS:

Capacidade contemplativa -  O médium têm a percepção do mundo levemente ou bastante distinta da maioria das pessoas, utiliza-se da capacidade contemplativa para chegar à estados de consciência mais abrangentes que a que temos na maioria dos momentos do dia. De fato, nossa consciência, ou seja: a percepção que temos da realidade, não é a mesma em todos os momentos, e de acordo com cada situação pode variar, de modo que fique ora de uma maneira mais atenta ora de maneira letárgica. Ainda pode-se definir outros estados de consciência, como: sonolento, alerta ou  introspectivo. No entanto, o médium, utilizando-se do recurso de contemplação chega à patamares de percepção da realidade mais avançados do que o que se possa imaginar, pois o que ele percebe não é o mundo na dimensão em que vive seu corpo, mas sim a dimensão espiritual, ou: outro plano de existência, que condiz respectivamente ao plano onde vive a alma ou o espírito, que é na realidade o plano onde todos vivem, sejam encarnados ou desencarnados porque quem está na carne não vive somente no mundo material senão têm uma vivência integral: vivendo no mundo material e no espiritual simultaneamente. O espírito é a base primordial da vida, o corpo é um prolongamento do espírito, que lhe dá a oportunidade de vivenciar experiências diferenciadas que se fosse somente através do espírito, é por isso que na teoria reencarnatória a importância do retorno à dimensão terrestre além de ter um teor social têm a qualidade de experimentar um outro ângulo de realidade: a matéria. O médium é em suma aquele que tem a capacidade de vivenciar ao mesmo tempo os dois planos existenciais, esta pode ser definida como experiência integral da percepção da vida, num momento de extrapolação das capacidades de percepção espiritual o médium não somente vivencia a realidade espiritual como também a terrena. Considero particularmente que temos, em geral, uma tendência errônea em querer separar os dois mundos, pois eles completam na verdade uma só realidade: a realidade do mundo, ou realidade existencial, neste novo pensamento concluímos que o que ocorre é que a maior parcela dos seres humanos têm uma percepção parcial da realidade que vivem, esta parcialidade pode ser completa apenas com o desenvolvimento mediúnico, que permite respectivamente a percepção integral do mundo. Isto explica o processo intuitivo e instintivo, que são em suma que são percepções parcas de uma realidade completa, aquele foi tomado por uma intuição não conseguirá explicar  o processo de desenvolvimento desta mesma, porque não conhece a realidade integral do processo intuitivo. A dimensão da vida é muito mais ampla do que aquilo que se pensa, este é o motivo que faz as pessoas não entenderem o contexto lógico de seus próprios sentimentos o que posteriormente dificulta a base e o desenvolvimento das inter-relações familiares, conforme comentado anteriormente. A doutrina de Jesus, é fundamentada principalmente nas qualidades de relações sociais, o que inclui e direciona o pensamento de que a família é um primeiro alicerce de todo ser humano no tratamento que irá desenvolver em seu próprio psiquismo, sendo assim, temos que o médium tendo uma percepção integral de sua realidade psíquica interna, e da realidade físico-espiritual que o cerca, entende de maneira distinta e mais completa os acontecimentos que são vivenciados no relacionamento familiar.

     Diz-se que todos são médiuns, o que é verdadeiro em potencial, seria como dizer que todos são artistas, médicos, sábios, dançarinos ou músicos em potencial. O que deve ser colocado em pauta é a necessidade ou não de desenvolver este potencial, que como todos têm em si outros fatores que influenciam de maneira benéfica e profícua, analisar a pré-disposição, o dom, a facilidade já impregnada no ser para o desenvolvimento desta qualidade é tarefa essencial para o bom encaminhamento da pessoa que está sendo vista sob esta perspectiva. Há casos em que o mais indicado é não desenvolver a mediunidade, pois seu desenvolvimento mesmo que seja logrado pode provocar repercussões negativas, por vezes até nefastas. Devido ao desenvolvimento intelectual e moral do individuo, a concepção filosófica e religiosa que se têm da vida é muito importante, sendo o primeiro aspecto necessário ao bom médium. É mais importante ter concepções morais elevadas que ser propriamente médium, pois estas concepções constituem as bases metafísicas dos valores da realidade, que são únicos e imutáveis. São as idéias perenes colocadas no evangelho de Jesus Cristo e em muitos outros livros sagrados de outras civilizações.

       Os estados alterados de consciência já foram em parte explicados, é uma capacidade desenvolvida a longo prazo através de meditações, em que o sujeito se posiciona completamente estático, e utilizando-se de recursos intelectivos como orações passa aos poucos à entrar na dimensão espiritual. Não há momento certo para isto, é evidente entretanto que quem deve assumir o controle de suas capacidades  é aquele que as utiliza, sendo inconveniente não controlar tal capacidade e ser invadido pela experiência em qualquer momento do dia. Vamos chamar isto de capacidade contemplativa, pois é a contemplação o fator primordial que ativa alguma ferramenta que permite a assimilação diferenciada do mundo. É provável que esta ferramenta seja a Glándula Pineal, ou Pituitária localizada no lobo frontal do cérebro, as últimas pesquisas realizadas por Dr. Sérgio de Oliveira têm-se referido à esta glândula ( que fora inclusive referida no livro mediúnico do espírito André Luiz ) como um vínculo com o plano espiritual, e que possui em si cristais de “Apatita”. Dissemos que é um desenvolvimento à longo prazo, o que é absolutamente correto, pois fazendo uma analogia podemos verificar que todo atleta de elite, seja em qual esporte vivencia têm como exigência básica para ser integrante da elite um treinamento árduo e prolongado, da mesma maneira se procede com o médium, que visa o desenvolvimento total de seu potencial, deve disponibilizar de todos os seus dias horas e horas de estudos morais e parapsicológicos e de vivência prática meditativa. Os estudos parapsicológicos são interessante por constituírem a base científica do que ocorre, dando explicações lógicas e racionais aos acontecimentos gerais da experiência mística, o que numa primeira instância seria considerado como milagroso ou extraordinário é agora, com a base científica, entendido como parte das leis da natureza. No entanto, eles só não são suficientes para a prática correta e digna da mediunidade, pois faz parte essencial do desenvolvimento das potencialidades mediúnicas o contexto moral e filosófico das principais questões que assolam e sempre assolaram a mente dos seres humanos de todos os tempos: as questões morte, vida, certo, errado, belo e feio.

      No entendimento de nossas reflexões não é fácil nem rápido desenvolver mediunidade da maneira mais correta e proveitosa, muito pelo contrario, é tarefa árdua e difícil, passando a fazer parte integrante das vivências humanas desde o momento em que se prontifica para fazê-lo, é irreversível, pois o sujeito que passa a compreender a maior complexidade da realidade da vida não pode simplesmente retornar à um ponto anterior e fingir não conhecê-la mais, no objetivo de tirar um peso da cabeça. É justamente por isto que trabalhar a mediunidade não pode  ser considerada atividade supérflua ou um hobbie como muitos acham, senão a coisa mais importante que pode haver no entendimento da realidade da vida, tanto no âmbito de conflitos internos como no contacto com realidades externas. Na medida em que as meditações vão sendo executadas, exige-se menos tempo para entrar-se em estado extático, ou seja: entrar em contacto com as realidades metafísicas do mundo.  Esta maior facilidade em entrar neste campo espiritual é devida à um desenvolvimento progressivo que se faz em muitas e muitas sessões de meditação contemplativa. Os fatores fisiológicos que se desencadeiam nestes momentos são muitos podendo ser citado: taquicardia, mudanças de temperatura tanto maiores como menores, sensação de maior distância do objeto contemplado, sensação de menor distância, visão periférica e abrangente e tonturas. As percepções espirituais são: Visão dos campos auricos, visão do prana ou o que Edgard Armond chama de Energia Cósmica em seu livro: “Passes e radiações”, percepção de fluências energéticas em diversas partes do corpo, e por vezes através de todo o corpo com intensidades de diferentes proporções, o que Armond chama de “Balonnement” que é a sensação e estufamento do próprio campo áurico, também a sensação, quando se medita diante do espelho, de ser um indivíduo muito maior. As percepções de tempo e espaço são mais extintas quanto mais se chega num patamar mais elevado de meditação, ainda que durante a meditação possam existir variações de contacto e elevação espirituais, como no mar, em que as ondas se intercalam numa cadência onde ora o nível do mar está mais baixo ora mais alto.

      É na noite, e na semi-obscuridade ou na obscuridade total que se desencadeiam a maior parte das experiências extra-sensoriais, numa breve observação frisa-se o fato de que a experiência de extra-sensorial não têm nada, pois há uma captação sensória da 4a dimensão. Os fatores que explicam o maior índice de ocorrências  à noite podem ser explicados por causa da produção hormonal no organismo humano, que é diferente ao escurecer, produzindo maior quantidade do hormônio melatonina quanto maior é a ausência de luz, conforme  Marlene R. S. Nobre em “A obssessão e suas máscaras”. Além da qualidade ou a intensidade de luminosidade no local onde se realiza a contemplação, um fator preponderante para a aquisição de resultados positivos é a utilização de músicas nas orações, podendo ser feitas mentalmente com cânticos de louvores ou mesmo de outro modo, é evidente que não será qualquer música que funcionará de maneira eficiente senão musicas específicas que devem cautelosamente, com muita consciencia e sensibilidade ser escolhidas pela pessoa que pratica meditação, estas músicas não são escolhidas ao acaso senão o fato de serem justamente elas as utilizadas é porque foram resultado de uma triagem de longo prazo e de vasto repertório. Isto ocorre deste modo com a música e com todos os outros procedimentos da meditação, pois meditar não é uma fórmula pronta que pode-se ensinar à outro de maneira específica, pois é algo peculiar e pessoal e é desenvolvido através de muitas meditações.

      A música, quando já escolhida ( é claro que podem ser muitas e dos mais diversos ritmos ) trabalham juntamente com o pensamento delineando percepções e concepções do mundo e da filosofia de vida, mesclando vivências e sentimentos pessoais, Os temas musicais passam a ser ao mesmo tempo ondas de energia provindas do “prana”, assim como as frases da oração.

         Recursos adicionais são possibilidades válidas no desenvolvimento da capacidade de expansão da consciência, na cultura oriental temos o que é denominado como “Mantras”, palavras ou frases com significado religioso repetidas constantemente e “Mudras” que correspondem à gestos específicos executados com as mãos no intuito de fazer fruir de distintas maneiras as energias do corpo bioplasmático através do chakra localizado nas mãos. No caso dos “Mantras” temos como correspondência na religião católica o “terço” que é de igual maneira uma prece repetitiva e constante, onde aos poucos o indivíduo, por causa do fator repetitivo, vai perdendo a noção de tempo, noção esta também pela qual é encarregada a Glândula Pineal. Outros subsídios ao afloramento da percepção extra sensorial podem ser a utilização de objetos sagrados como pedras, cajados, relíquias, contas, colares, incensos, terços. As imagens de contemplação são recursos repudiados por “Evangélicos”, e julgada como desnecessárias por muitos espíritas, ainda que sejam vínculos primordiais aos que desejam o desenvolvimento da mediunidade através do processo contemplativo, porque são imagens nas quais os olhos físicos se mantém fixos, e podem ainda fazer movimentar-se os conceitos, idéias, e valores morais e filosóficos do ser contemplador se acaso forem consideradas como sagradas, seja  uma pequena planta, uma vela, uma formiga ou um santo específico, pois o mais importante neste coso é o valor fornecido ao objeto contemplado e não o objeto em si. Conforme dissemos, a vida só existe através da interpretação que o ser humano lhe aplica, e ela, por si só não existiria. O mundo é pois a interpretação que lhe é fornecida e não ele sozinho, isto é justamente o que dizem os dialéticos: a experiência empírica só é completamente entendida e definida pelos processos intelectivos que às amoldam segundo seus próprios parâmetros, recursos e possibilidades. Assim um mesmo objeto pode ter valores e sentidos completamente diferentes para duas pessoas, é assim que na Índia alguns animais são considerado sagrados enquanto no ocidente não, condiz esta idéia também ao valor diferenciado que o médium aplica às diferentes vertentes da vida, estes valores são definidos não somente pela experiência mística ou extra sensorial ( que é sensorial na realidade, já que o indivíduo percebe alguma coisa, e utiliza-se para isto de algum recurso sensório: a Glândula Pineal ), esta experiência mística, podemos considerar como uma experiência empírica pois é assimilada por um sexto sentido, e não é por si suficiente para fornecer ao médium uma concepção filosófica e moral, é necessário que suas ferramentas intelectivas estejam atuantes nestes momentos para que ele vá no decorrer da experiência aplicando sentidos e verdades à realidade que vivencia.

      Deste modo, temos no campo das possibilidades existenciais o fenômeno físico e o fenômeno espiritual, sendo que tanto um quanto o outro estão sujeito à interpretação intelectiva, em que o sujeito através de um processo dialético dá sua versão à concepção final daquela realidade. A importância da experiência mística está num fato de importância inequívoca que corresponde em compreender à realidade segundo um modo mais vasto, completo e verdadeiro. A percepção é maior e melhor, o que antes era oculto não mais o é, como o surdo que passa à ouvir ou o cego que passa a ver, e descobre fatores preponderantes da mesma realidade em que vivia, criando para si possibilidades mais longínquas não só em seu entendimento do mundo como também em sua capacidade de interferência nele. É por isto que a mediunidade não é somente um recurso de experiência como de extrema funcionalidade para a humanidade, está impregnada na natureza humana e não pertence à qualquer religião, seita ou filosofia específica, assim como são parte da natureza humana os cinco sentidos já ampliadamente conhecidos. São descobertas novas possibilidades de atuação do ser como: Premonição, Xenoglossia, Psicografiam, Viagens Astrais e muitas outras, que quando bem utilizadas proporcionam à sociedades benefícios dos mais variados, não obstante quando mal utilizadas podem provocas males diversos.

      Jesus Cristo fora o exemplo de médium do mais valorosos da humanidade, pois uniu os valores filosóficos e morais  aos poderes mediúnicos, entrando numa atividade que visava uma profunda mudança política e ideológica.

 

      A dimensão do mundo espiritual atualmente é infindavelmente vasta, coexistem teorias, seitas, religiões, idéias, crenças dogmas e misticismo dos mais diversos. Estes possuem muitos pontos antagônicos e díspares, no entanto é de grande interesse às nossas discussões que hajam na sincretuge geral de todos uma certa coincidência em muitos aspectos, se analisarmos efetivamente o corpo de cada religião filosofia, crença ou idéia notaremos com certo espanto uma harmonia difícil de explicar já que muitas delas não tiveram influência recíproca no decorrer da história. É de bom senso, e de lógica racionar considerar que no desenvolvimento da história houve também o desenvolvimento das religiões, conseqüentemente o desenvolvimento das idéias, que se tornaram cada vez mais complexas, e foram mudando conforme mudavam também os interesses políticos das classes dominantes dos processos ideológicos da sociedade, o que pode corresponder à uma mudança desinteressante na busca da verdade mas interessante na busca da glória do poder financeiro e das influências sociais e políticas. É viável crer que este distanciamento da verdade trouxe consigo uma busca pela ilusão ideológica, onde o que importa não é a completude do ser humano em seu aspecto integral e holístico, mas sim a ascensão financeira dos poucos que controlam o poder e os meios de influência em massa. Supostamente, na sociedade atual, tão desenvolvida tecnologicamente, e tão pobre espiritualmente, num tempo em que a bíblia é por muitos considerada como um atraso no mundo da moda, comercio, política e vivência estamos, mais do que nunca carentes das vivências morais de Jesus Cristo. É de extraordinária estupefação pensar que o evangelho é, após 2004 anos de existência um compêndio dotado das idéias e parâmetros espirituais, morais e filosóficos mais atuais que qualquer outra coisa de nossos próprios tempos, tudo isto ocorre porque os valores que nela estão impregnado condizem com os valores metafísicos humanos, as verdades eternas que jamais desfalecerão, muito pelo contrario: irão persistir e se intensificar cada vez mais até que finalmente se efetivem e sejam entendidos de maneira clara e precisa, sendo neste momento colocadas totalmente em prática.

       É na abrangência filosófica e religiosa de nossos tempos que se encaixa grande parte de nossas discussões, já que o que está proposto neste compêndio é uma análise das diversas religiões sob a perspectiva espírita. Qual exatamente é a perspectiva espírita? É um modo específico de ver o mundo, que já traz si algumas idéias específicas que foram desenvolvidas através do método científico , iniciada por Allan Kardec que têm seu verdadeiro nome como Denizard Rivail. Logo concebemos que há idéias que já  estão pré-concebidas, e para nossa análise das outras religiões já temos alguns pressupostos básicos como crenças e idéias, gostaria de frisar que todas foram fundamentadas em bases sólidas, desenvolvidas pelos métodos mais seguros, eficazes e corretos conhecidos e reconhecidos pela sociedade científica atual. E o leigo que se intromete de supetão e coloca opiniões oprobriosas de maneira precipitada pode por certo ser desconsiderado. A única refutação aceitável deve ser tão fundamentada quanto a própria tese, conforme o processo dislético atualmente conhecido desenvolvido por Popper.

      A própria física atual desenvolve trabalhos em torno de universos paralelos, constituindo um total de 11 dimensões, com a teoria quântica que chega aos limites de seus estudos.  Não é possível formatar a variedade total das idéias, teses e possibilidades da vida após a morte, o mais viável é compactar as similitudes de todas elas numa só obra, numa só idéias, que traria à tona o universo de idéias que entram em comum, mas que são em cada filosofia e religião expressas com máscaras diferentes.

     A prática religiosa e mística é campo de estudo para as mais variadas ciências como a bioquímica, a física com estudo de leis magnéticas, elétricas e térmicas do corpo e a filosofia é o campo reflexivo destas duas vertentes anteriormente citadas, a filosofia é parte inicial e final pois cria as concepções mais vastas que podem desencadear novas idéias e por termos “finais”às experiências e estudos já realizados.

      O caminho que percorremos atualmente, como já dito, é de grande desvantagem espiritual, ao menos na sociedade ocidental, as pessoas estão sedentas de espiritualidade e não sabem disto, tudo se enquadra no mito da “Caverna de Platão”, pois vive-se numa ilusão sem estar ciente de tal, a própria cultura é a culpada disto, pois é difundida à disseminar o valores humanos de forma distorcida: a sexualidade se transforma em “ fast food ” do prazer e perde sua união do amor fraterno entre os seres humanos e Deus, a alimentação se transforma na solução prazerosa para as ansiedades do “Stress”, o egoísmo é vertente quase que nata nas pessoas pela falta de valores evangélico e um mínimo de humanidade e sabedoria humana. Mas aqui neste livro, com a graça de Deus nosso protetor não se aplica uma visão pessimista da sociedade, senão um vínculo teórico para levantar sorrisos dos mais diversos nos leitores. Meus amigos: vamos nos entender, entender o mundo que nos circunda e entender à Deus recebendo suas verdades com o coração aberto e júbilo transparecendo nos olhos, é somente na busca de Deus que o homem se encontra e encontra com isto o mundo. Ó mundo belo e admirável, notaremos o quão belas são as flores e as nuvens do céu, num êxtase diletante a partir do momento que iniciarmos a contemplação benévola e verdadeira do mundo, dando o devido valor às relações sociais e à divina solidão, pois é na solidão que se ora e entra em contato com Ele.  O mundo é belo, deveis crer piamente nisto.

      Na hipótese da existência de outras dimensões coexistindo simultaneamente à nossa 3a dimensão existem aspectos importantes a ser ressaltados: a quarta dimensão seria a dimensão do pensamentos e dos sentimentos por assim dizer, onde o corpo não existe, ou existindo é composto de maneira peculiar e extremamente diferente do que é na terra encarnada. É certo dizer que um ser humano, no decorrer de sua vida vai de empirico à dialético, ou seja: Quanto mais velho e experiente é mais importante a interpretação que faz do mundo que o mundo propriamente dito, é como se houvesse uma tendência natural, provinda do desenvolvimento intelectivo e sentimental, em passar da 3a para a 4a dimensão. Nesta hipótese devemos rever todo o nosso conceito do que é realmente a vida, e da função que ela possui para conosco, e o que é viver. Esta reestruturação não é coisa nada fácil, pois trata-se simplesmente da coisa mais importante e preponderante que possa existir em nós: a própria vida.

      Tendo esta nova concepção de realidade passamos a dar valores totalmente distintos ao que nos cerca. Pode-se dizer que o mundo real perde sua importância, tudo o que é real passa a ser visto como neutro na evolução do universo, pensando de maneira grande, abrangente, larga e infindávelmente elevada devemos concluir que o universo é e sempre será harmonia total, e que cada um de nós, unidades de seres, somos uma escassa sombra, apagada e imperceptível diante da infinitude de tantos sistemas planetários onde seres e sociedades vivem em outros planetas como se há de concluir por força das probabilidades estatísticas, e por uma lógica coerente e minimamente racional: Se tu jogares um dado infinitas vezes ao solo quantas vezes irá crer que terá como resultado o número seis? Assim é o universo, um cosmo infinito, e que somos realmente nós diante disto? Podemos intervir na harmonia já estabelecida desde todos os tempos? Com petulância pode-se dizer que sim, entretanto esta intervenção maléfica não estará fazendo parte do contexto harmônica? Para caçar deve o índio exaurir-se nos recônditos das matas, esta exaustão pode ser considerada um mal do ponto de vista de manter-se estático e cômodo, no entanto fisiologicamente é o que auxilia na aquisição e manutenção da saúde. Pode um bem ser confundido e considerado um mal? Pode o revés ocorrer?

      A realidade se divide em duas vertentes: o mundo dos pensamentos e o mundo físico. Assim entendido é de bastante cuidado precaver-se dos maus pensamentos, pois os pensamentos são tão ou mais reais que o mundo sólido. Isto é o que causa o que Adous Huxley denomina “Santa indiferença” em seu livro Filosofias perenes, ou seja: a indiferença que os santos em geral têm para com o mundo físico, que é considerado a única realidade para o grande contingente da humanidade. Também se enquadra neste pensamento a postura de Don Juan para com as coisas do mundo no livro “Estranha Realidade”  de Carlos Castañeda, quando diz que não se importa como as coisas se comportam.

      Este nível filosófico não é fácil de ser atingido, pois não basta apenas entendê-lo mas sim vivencia-lo, é aí que entram em pauta as experiência místicas e religiosas que têm importância preponderante no desenvolvimento espiritual das pessoas, pois teoria sem pratica não é ainda algo real, ao menos em nosso plano de existência, talvez no mundo do pensamento, mundo dialético ou 4a dimensão a importância da realidade esteja não na experiência mais sim nos processos psíquicos que regem a vida, nas idéias e nas concepções. No entanto os encarnados vivem num plano onde o corpo é o instrumento de experiências do espírito, é assim que sem o corpo o espírito não têm a possibilidade de vivenciar experiência tão profundas. Se eu disser que a realidade é o que você pensa e não o que você sente através de seus 5 sentidos, que são as ferramentas de interpretação do mundo físico, que não passa de uma ilusão quê me dirás tu? Loucura? É certo que o ser humano não sabe todavia quais são todas as possibilidades de seu cérebro, que é respectivamente a área de mais difícil entendimento do organismo humano. Os resultados da comprovação de uma tese destas proporções seria estrondoso, e talvez descubramos estas coisas quando o cérebro for entendido com maior nitidez e detalhe. É evidente que o pensamento é realidade, e que inclusive consome energia através da glicogênio fornecido ao cérebro, no entanto a questão áurea neste campo é a discussão de até que ponto seria o pensamento uma realidade não no campo da dialética mas sim no campo da própria experiência psíquica, o que poderíamos denominar como empirismo psíquico.

      No futuro o homem estará cada vez mais consciente das funções de seu próprio corpo, e terá uma percepção da realidade que o circunda de maneira mais apurada e correta. Neste momento, em que o homem descobre sua realidade a meditação não é só um processo de descoberta como passa a ser uma necessidade diária, que traz bons frutos conectando-o com sua realidade integral. É este o modelo humano ideal, que têm moral elevada e vivência espiritual que transcorre de forma tão natural que o médium chega a estranhar o fato de que outros não têm a percepção espiritual que ele têm do mundo.

      É interessante notar a importância do médium enquanto sendo um intermediário entre o homem e Deus, perpetuando o elo entre Deus e o homem, assim como foram muitos sacerdotes em todos os tempos da humanidade, e como são atualmente os dotados de títulos sacerdotais nas mais diversas religiões, mesmo que estes não possuam necessariamente a mediunidade desenvolvida. O homem de fé tem um pouco mais de consciência da realidade do mundo, o leigo ou ateu vive no mundo, entretanto ignora a realidade espiritual, mesmo a pesar de estar sendo influenciada por ela, o que pode ser respectivamente causa de fatos e sentimentos não entendidos.

      A realidade psíquica do homem se esconde sob um véu, que quando descoberto deixa transparecer um oceano em toda a sua profundidade, imaginem leitores o quão profundo é o psiquismo, ainda mais se levarmos em consideração a vasta quantidade de vidas já vividas, e toda a carga de vivências que foram acumulada no decurso de centenas e centenas de anos. Ou deveria dizer milhares? Devemos aqui levar em consideração o tempo que vivemos no campo espiritual, além do terreno, o que se aprofunda de maneira incomensurável na teoria da evolução em que perpassamos por inúmeras encarnações na soma de outros seres como pedras, plantas, animais numa cadência linear de progresso espirirual, pois espírito é a forma preponderante do ser, e carne o recurso de aprendizagem. Faria ainda outra pergunta instigante: Qual a importância do tempo na evolução do ser? Talvez o tempo em si não seja lá coisa muito importante, mas sim a evolução e a maneira como ela está se procedendo, o tempo no mundo espiritual é medido pelas ações e pelos sentimentos e não pelo transcorrer de minutos, horas e dias. Isto é perfeitamente demonstrável pelos estados de meditação, onde em determinado momento perde-se a noção do tempo e espaço.

      Na construção de nossos conhecimentos devo dizer que o espiritismo têm seu valor especial em ser tanto filosofia quanto ciência, no entanto tenho, pessoalmente, e julgo que muitos leitores serão de partido semelhante, uma opinião retrógrada com relação aos chamados: “Romances Espíritas”. Esta problemática envolverá uma série de idéias, inclusive influência das massas. Assim como são vistos com maus olhos os dogmas e mitos da igreja católica pelos espíritas Kardecistas vejo com maus olhos os romances estes, pois são extremamente pobres em filosofia da morte, ainda que possam servir de excelentes passa-tempos para momentos de deleite intelectual. Não quero criticar de maneira ineficaz, mas instigar estes romancistas, sejam efetivamente espíritos desencarnados ou não à inserirem em seus romances o que é hoje comentado na física quântica e nas filosofias que discorrem à respeito das ciências que estudam a morte e a vida em suas completudes. O fato é que estes romances se tornaram válvulas de escapes aos sofrimentos sentimentais humanos, e a verdade pareceu ser esquecida, é evidente que mais certo seria dizer aqui que tão distinta é a realidade espiritual da física que impossível seria enquadra-la em romance, no entanto, quem lê sem saber ser um romance espírita nem irá perceber a singularidade tal é sua proximidade com os livros terrenos.

      Falo aqui que as concepções de tempo-espaço deveriam ser recalcitradas constantemente nestes livros, e explicadas com maior constância, o que aliás não ocorre definitivamente. Os livros mais interessantes que lí com relação à morte provieram de encarnados, os desencarnados parecem ser mais eficazes nas explicações sentimentais e poéticas e menos nas teóricas, filosóficas e científicas. Isto se deve ao fato de que o mundo do espírito é o mundo dos sentimentos. Nisto tem razão o Dr. Larry Dossey, em um pequeno porém interessante volume intitulado: “Reencontro com a alma”, discorre sobre os aspectos científicos, poéticos e filosóficos da idéia de ser humano dotado de corpo e espírito, sendo que o espírito não é localizado nem no tempo nem no espaço, talvez seja mesmo devido à este fato que diz-se no plano espiritual que a vida na terra é uma verdadeira dádiva de Deus para reparos de erros e evolução com tarefas edificantes.

      Seria por certo, inconcebível através dos processos racionais comumente usados descrever, definir ou entender o que se considera como vida no espírito, é nisto que consiste exatamente o erro crasso, pois romances são histórias descritas por processos intelectivos literários, e disto não escapam, ficam restritos à uma problemática de características sociais, sentimentais em torno da idéia simplista e dogmatica de bem e mal, deste modo pode ser dito que até o espiritismo que se julga Kardecista está cheio de dogmas, verdades já pré concebidas de como são as coisas, isto por certo é uma mixórdia pois a doutrina não aceita este tipo de procedimento. Os livros de temática filosófica existencialista das filosofias da Índia estão muitos passos à frente destes romances simplistas, ainda que a Índia seja um pais fundamentado em idéias mitológicas, a profundidade e alcance destas idéias são supostamente muito mais enlevadas que a descrição da vida como ela já é, ou melhor: como já pensamos que ela é, pois é este o ponto fundamental que não conseguem ultrapassar estes romances.

      É certo que em qualquer religião ou idéia que temos existe um desenvolvimento e uma amplitude de alcance que pode ser aumentada ou permanecer estagnada, e que o grande contingente de crentes é o que mais pode influenciar no modo como esta religião é pregoada. Pois os interesses sempre serão atingir o maior número de pessoas no intuito de torna-las crentes e devotas. Neste sentido, a doutrina espírita de Rivail, a Parapsicologia, Física moderna e a bioquímica são os meios mais atuais de estudo e crença à respeito da morte, Deus, e mudo espiritual. É certo dizer, que pouco a pouco a ciência atinge a religião, e respectivamente a religião se fundamenta na ciência para explicar cada um de seus fenômenos. Não obstante a ciência sozinha não é suficiente para dar uma solução definitiva às verdades existenciais devendo recorrer para isto à filosofia.

      Durante a Idade Média ( 400 – 1400 D.C. ) na mente dos sábios como Santo Agostinho, Averrois e São Tomás de Aquino retomou-se a filosofia Grega como um alicerce para as verdades cristãs, sempre na busca  de uma explicação lógica para a existência de Deus. Já o Iluminismo foi o período em que a preocupação do homem voltou-se para si mesmo, e o conhecimento começou a fermentar-se na busca de verdades fundamentadas não somente em Deus, mas nas coisas por si mesmas: Galileu Galilei pisou audaciosamente na concepção do universo e em sua formatação. Newton efetivou as teorias gravitacionais. E apartir de então adotou-se o processo científico na busca pelas verdades e não mais o meramente filosófico, ainda que como visto o filosófico pode constituir ocasionalmente alavanca inicial irrevogavelmente essencial, pois toda teoria, por mais miraculosa e complexa que seja parte de uma simples sugestão. Os tempos de hoje não aceitam mais pois as velhas receitas de descoberta religiosa, entretanto as diferentes educações que recebem os diferentes povos são o que fazem surgir os métodos de conversão religiosa. Se um povo é pouco instruído não adianta explanar sobre aspectos complexos da filosofia, religião e ciência o que seria até pior pois dificultaria a inter-relação entre as duas partes. Caso o contrário ocorra: um povo seja muito bem estruturado intelectualmente não adianta tentar convencê-lo à aderir-se à determinada seita através de um processo simplista infundamentado nos parâmetros que este povo possui. Ainda que seja mais fácil que as pessoas mais instruídas compreendam as menos do que as menos compreenderem o que se passa com as mais, neste caso específico existe a possibilidade de um homem muito bem instruído ser participante de seitas mais simples, pois através de seus conhecimentos ele sabe com mais exatidão e abrangência que ocorre ali, um camponês dificilmente compreenderá caracteres demasiadamente abstratos já que sua vida em geral é empírica, e se convence mais através de processos empíricos como pantominas espirituais e misticas que com estudos teóricos e interpretativos.

      Visto isto, chegamos ao ponto culminante deste tópico, pois é minimamente razoável crer, que devido ao crescimento populacional e à constante adesão de indivíduos à todas as seitas e religiões faz-se presente em cada uma delas uma abrangência de caráteres e gênios da mais eclética possível. O que faz nascer um problema, pois é necessário convencer à todos tentando utilizar os recursos que estão localizados não na religião mais nos próprios crentes ou interessados, pois o mais profícuo e funcional é “jogar conforme o jogo”, do contrário pode-se estar sendo ineficiente por falta de seriedade, complexidade e minúcia ou então do contrário há o risco de estar “jogando pérolas aos porcos”, o que estaria sendo tão inútil quanto a primeira situação.

      A solução para este problema de interesses ecléticos dos participantes da ceitas está em oferecer uma gama de possibilidades, ofertas e idéias tão vasta quanto seja a que é demanada. As filosofias das religiões passam a satisfazer os mais diferentes interesses humanos, com a musica se ameniza os corações, a filosofia satisfaz o intelecto, a experiência trancendental dá margem ao extraordiário e reintegra o ser pelo abismo de diferença existencial entre o homem e Deus.

      Se temos que em geral o público é composto de pessoas ignorantes não será necessário muito para convencê-los, se são intelectuais por certo os métodos deverão ser consideravelmente à altura de suas próprias concepções metodológicas para o entendimento do mundo. Assim, o caso dos “Romances Espíritas” pode ser explicado por esta explanação, pois é no público que está o interesse, e é o público que faz o que está sendo produzido seja tão bem sucedido e difundido, como temos que o grande contingente não é formado de cientistas em sim de pessoas interessadas nas desventuras e venturas humanas os romances estarão ambientados justamente nesta perspectiva e não em outra, do contrário não seriam vendidos. É o telespectador que seleciona o canal de seu interesse e não o canal que irá obrigar o telespectador a assisti-lo, do mesmo modo é o leitor que seleciona o livro que têm em sua constituição à essência mais similar à sua e não o livro que seleciona o leitor que quer.

      Os romances são sustentados pelos público que os lê, e conforme isto ocorre fortifica-se ainda mais a mesma metodologia simplista que está impregnada nestes livros. Haverá por certo um dia em que o público estará melhor instruído nos campos da metafísica, filosofia e física e exigirá que as histórias estejam mais paralelas com as que temos já na terra, podendo com isto convencer mais os sábios, não precisando por isto ter roteiros menos interessantes ou ter menos sentimentos e afetos.

      Um fator que contribui para que estes romances estejam restritos à discussão das problemáticas sociais, é que este foi respectivamente o campo onde mais atuou o Rabino Jesus de Nazaré, ou talvez nossas interpretações das parábolas estejam mais voltadas para a sociabilização humana por causa de uma necessidade de extrema urgência, onde o mundo necessita de justiça social e formação moral, pois as guerras são o cúmulo da falta de valores morais e sociais. O altruísmo parece desvanecer no mundo da competição, assim é viável crer que a tendência social dos “Romances Espíritas” têm como pressupostos a própria carência afetiva e altruística do mundo, e, apoiando-se nas idéias de Jesus formatou seu modelo, o que é de bastante sabedoria pois consegue assim abranger a grande parte das pessoas, que se preocupam com os acontecimentos afetivos de seu dia a dia, e acabam por transpassar esta dinâmica de suas vidas para suas crenças, que de metafísida nada têm senão os aspectos de justiça e moral, perdendo de todo os modelos existenciais complexos. O que ocorre comestes outros sistemas de explicação para a morte e Deus é que eles não somente são complexos como extremamente diferente da realidade atual, é também este fator preponderante para afugentar a maioria das pessoas, que se comprazem com o comodismo seguro e prazeroso de crer que tudo após a morte é bastante similar ao que é enquanto encarnado. Há medo e terror em crer em teorias, embasadas em filosofias, de diferenças marcantes com a vida atual, como crer por exemplo que a realidade é uma completa ilusão, que nos uniremos à um todo universal, que o universo está em constante expansão e um dia acabará, que nosso fim último é ausentar-nos das características que nos tornam peculiares: a personalidade. Que não existe tempo linear, nem espaço, já que um depende do outro. São teorias filosóficas e conceitos científicos que muito podem nos desagradar, por serem diferentes, mas que são em essência uma realidade mais complexa e convincente.

     Ainda que haja esta condição distoante na condição que rege o princípios de vida de cada pessoa a simplicidade da vida é sempre um modo de viver correto e proveitoso, a intensidade da fé não demanda o desenvolvimento intelectivo do ser, e pode uma pessoa mais conhecedora ter menos fé que uma mais sábia, é mais fácil e intensa a fé não racional, porque se fundamenta nos fatores místicos e misteriosos, o que não é absolutamente errado, pois sendo funcional corresponde à melhor vivência que poderia decorrer no transcurso da vida, por outro lado o estudo da teologia e da filosofia são intelectivos, se distanciam da fé mística, que é tão importante quanto o estudo. Em nossas vidas temos que equilibrar os estudos com a divinização mística do mundo que nos cerca, que é efetivamente outra visão do mundo, permeada de outros valores, ideais e objetivos.

      Na vida, as coisas mais importantes são as que são simples, não obstante preenchidas de beleza. Quê é a complexidade senão o aprofundamento na simplicidade? Pensando desta maneira a própria complexidade significa um procedimento de entendimento da simplicidade. Uma paisagem de simplicidade, quando contemplada em profundidade revela-se diante do ser contemplador como um mundo extraordinário, cheio de mistérios, e que a cada momento mostra, ora aqui ora ali, vertentes de sua profundidade. O segredo do bem viver está em adotar este procedimento de contemplador, notar a simplicidade e profundidade do mundo sem deixar a intelectualidade que é o método dialético que faz com que entendamos este mundo de experiências que no cerca, os mistérios são revelados não somente porque antes não eram contemplados minuciosamente, mas também porque o ser que contempla desenvolveu suas possibilidades intelectuais é dotado agora de uma ferramenta de maiores possibilidades para o entendimento do mundo, é como passar do programa “Dos” ao “Windous”, ou então passar de uma bicicleta de passeio à uma competitiva, ao possibilidades se ampliam, os recursos são maiores, e o entendimento do mundo é mais correto. Por isto a contemplação não depende somente dos procedimentos de concentração adotados no momento, ou dos extados sensoriais mais profundos atingidos no momento como também do desenvolvimento intelectual do sujeito, que lhe permitirá interpretar aquela gama de realidades que são sensóriamente recebidas com seus recursos intelectivos, pois é na razão que se entende a sensação. É pois na razão que está a última percepção do contato com o mundo, deste modo é como se transformássemos o intelecto em um sentido, o que seria errado dizer pois ele interpreta as experiências empíricas, lhes dá uma definição, um sentido, explicação e finalmente fornece um conceito do que ocorreu.

      É a capacidade contemplativa que fornece à vida a condição de encantamento, fascínio, beleza e virtuosidade que são respectivamente características que fornecem o prazer de viver, a magia que nos transforma em seres de intensidade total naquilo que fazemos, seja o que for. A fé é um fermento que não depende de razão, mas sim do coração, dos sentimentos e da constância, repetição, insistência e persistência, pois fé também é algo que se desenvolve, um homem fé trabalha durante toda a sua vida em torno da verdade espiritual utilizando todos os seus recursos, como assim diz Jean Lafrance em seu livro Reza ao Pai:

      “A experiência cristã inscreve-se também num devir, porque se desenrola ao longo de toda a vida. Se comporta uma dimensão de profundidade, porque interessa a totalidade do homem ( inteliGência, coração,corpo, vontade, liberdade ), comporta também uma dimensão de comprimento e de largura. Isto quer dizer que fazemos e experiência de Deus no desenrolar de nossa história pessoal e social. A experiência cristã  inscreve-se no interior de um movimento dialético e histórico.”

      Notamos aqui que a experiência não é somente relacionada à emotividade como também ao intelecto, pelas causas que antes fora explicada, e confirmadas de forma sábia por Lafrance. A fé, é um processo que se desenvolve no decorrer da vida de uma pessoa, nas diferentes sociedades há diferentes posturas para com a questão espiritual, e, se efetivamente os médiuns são vínculos do mundo da matéria para o mundo do espírito, e estes tenham uma ferramenta que lhes permite este vínculo chamada “Glândula Pineal”, é certo dizer que um amante dos vinhos é mais sensível ao odor, um amante das pinturas é extraordinariamente apurado em sua capacidade de visão, um atleta é aprimorado em sua percepção sinestésica e um músico na audição temos que o médium é indivíduo fora de série no que se refere às percepções espirituais.

      Assim como em cada uma das modalidades anteriormente citadas há um desenvolvimento para melhor se perceber através de algum órgão, que decorre com um constante treino e vivência prolongada naquela modalidade específica, decorre que a mediunidade não foge à regra, e o médium é tão melhor quanto tenha sido seu contacto com o processo mediúnico. Tendo em vista todos estes fatores, num âmbito mais abrangente, cada sociedade dá distintos valores aos mesmos fatos da vida. É muito diferente a visão de espiritualidade de um índio Xamã que de um católico ocidental, Budista, Bramanista, Jainista, Yogui, Evangélico, protestante ou de uma tribo de índios amazônicos. O que pode decorrer das diferênças de concepções?  As concepções são o que forma a vivência a ser seguida, em cada caso há uma vivência específica, um processo de contato com o mundo espiritual, despertado pela concepção filosófica e às vivências. Há sociedades em que a vivência espiritual é maior, o que poderia decorrer em um índice de médiuns maior, pois é a vivência que treina o órgão perceptivo. Há a necessidade premente da ciência chegar logo às conclusões de conceitos que a religião sempre possuiu, sempre possuiu porque o homem desde sua criação sempre soube de maneira instintiva e inconciente de sua realidade maior, pois do contrário nossa sociedade continuará sendo educada na concepção materialista, com isto as vivências espirituais continuarão nulas, e o desenvolvimento da mediunidade será parco senão nulo igualmente. Este conceito pode explicar de maneira bastante  racional que na Idade Média o povo era crente na verdade da igreja Católica, e tinha a pia crença de que a oração era remédio para todas as enfermidades ou problemas morais, o que é absolutamente lógico pois eles mesmos eram educados segundo os valores espirituais, o que lhes aumentava em intensidade e quantidade as experiências e vivências espirituais, aumentando respectivamente o potencial da Glândula Pineal e transformando-os em médiuns das categorias mais elevadas, e se houve maior ocorrência de milagres nesta época isto não é devido somente à ignorância da população e à ingenuidade, mas também à um sistema educacional espiritual que faz desenvolver no cérebro a área responsável pela trancêndência.

      Aquele que sabe quais são os poderes ou possibilidades psíquicas que lhe compete utiliza-as de acordo com os conhecimentos que delas possui, o problema do médium é não entender os poderes de que é portador, o que pode ser termo para muitos desentendimentos e situações não edificantes, pois o principio mediúnico deve ter como base a filosofia cristã, e não as idéias vãs das quais está o mundo permeado. Aprender a ser médium não é tarefa fácil, pois o sujeito deve manusear ferramentas que não está habituado a utilizar, é por isto mais fácil fugir à mediunidade e às questões espirituais que enfrentá-las de modo sábio e consciente. Pois a vertente mediúnica e as características psíquicas mais profundas do ser estão de tal sorte mescladas que acabam por fundir-se numa só questão, e quando decide-se definitivamente que há necessidade premente em tornar-se médium não trata-se de uma simples brincadeira espiritual, mas uma vivência psíquica das mais profundas, que irá mudar a percepção de vida do sujeito cutucando as questões mais sensíveis desta pessoa, “pisando em seu calo” como se diz em vocabulário vulgar.

      Uma pessoa portadora de epilepsia pode ter como causa uma mediunidade mal controlada, a epilepsia corresponde à uma modalidade de disfunção do sistema nervoso central que têm como repercussão convunsões e espasmos musculares que ocorrem sem o controle do sujeito, de modo que extrapola-se uma energia latente mal impregnada, seria esta uma energia espiritual acumulada devido  à falta de saber como utiliza-la por parte do sugeito. Saber controlar esta energia é o ponto crucial das pessoas portadoras de epilepsia não somente para suas curas, mas principalmente para o desenvolvimento dos poderes psíquicos que são portadoras em potencial. Pois Deus, sendo bom e justo, criou um universo harmonioso, a desarmonia é apenas uma má interpretação do mundo, o mal é a má utilização do bem criado por Deus.

      Também é erro julgar que qualquer disfunção humana tenha como causa obssessores espirituais, que estariam em tese retribuindo um mal causado em vidas anteriores. Ser redundante desta maneira é negar as potencialidades psíquicas humanas, nascer é como ganhar um aparelho eletrônico sem manual de instruções, ser médium é como ganhar um aparelho eletrônico um pouco mais complexo, infelizmente também sem manual. Assim é no caminho que a vida nos dá que vamos paulatinamente enfrentando diversas situações, aprendendo com erros e rejubilando-nos nos acertos, o intuito da vida é acertar um manual próprio, até que saibamos com exatidão o modo mais adequado de proceder diante das diversas situações. O que é mal? O que é bem? Quero ser impertinente enquanto à estas duas questões, pois sabe-se que Deus é bom e justo, conforme dito, o mal, segundo estas prerrogativas só poderia ser uma distorç~`ão interpretativa do bem criado por Deus. O mundo que conhecemos é assim porque só entramos em ontato com ele através da análise, interpretação e assimilação, a criação da miragem do mal se dá durante o momento da interpretação do mundo, pois o mal absolutamente não existe sequer enquanto criação humana, não se cria nada deste termo, pois tudo aquilo que se considara nefasto é ilusão, miragem, imagens distorcidas do próprio bem que podem ser desvanecidas com a interpretação correta do mundo, que está colocada nas palavras de Jesus Cristo no Evangelho, pois este foi um grande médium.

     O mal é falta de carinho, falta de amor, é a criança que se faz de teimosa por não ter carinho dos pais, o amor desvanece qualquer tormento, a luz de uma vela pode iluminas um quarto inteiro, deixando-o dourado. Sim! O amor é a solução à ilusão do mal, que o ser humano imagina criar ou existir. Basta pedir com conviccão, fé, esperança e sincera crença que os espiritos de luz que abitam as estrelas mais longínquas do universo acudirão o tormento de nossas almas, criados por nossas próprias ilusões, que estes guias sejam abençoados em suas tarefas de auxílio.

       A maior dificuldade dos médiuns não está em conceitos filosóficos nem em potenciais latentes mas sim no âmbito moral, esta é a chave mestra da ordem de importâncias da filosofia espírita, é no coração que reside o ponto nevrálgico dos problemas humanos, não é na mente tampouco no corpo, sim, é no coração. Pois o coração é a própria alma, são os sentimentos mais profundos do ser que definem seu caráter benévolo, justo, correto, elevado e grande de alma. A vida espiritual é mais arraigada do fator vontade que de qualquer outra coisa, a vontade é a primeira semente que Deus plantou no barro, para fazer surgir a partir daí todas as outras coisas que conhecemos em nós. A metafísica última do homem está na vontade. Conforme concluido em meu último livro “A corrida e suas nuançes” no capítulo sobre religiões através de extensa teoria que criei por uma miscigenação discursiva sobre arte, filosofia e motricidade. Se é da vontade que tudo parte é na vontade que está o principio de tudo, a vontade é o fogo que cria as coisas, efetivamente queima a alma e faz sentirmos vasta gama de sentimentos, dizer: - Eu quero isto! É mover-se de um lado à outro, é a mudança que corresponde a migração de um estado à outro, de uma realidade à outra.

      A vontade vêm antes do pensamento, é uma chama todavia mais sagrada que este, assim nos incita Carlos Castañeda em “Uma extranha realidade” quando entrando em estado alterado de consciência diz não conseguir-se mover-se apenas pelo pensamento senão por uma vontade oriunda do âmago de seu ser.

      Os problemas morais dos médiuns só podem ser decorridos de falta de vontade para enfrentarem seus problemas psíquicos mais profundos. A humanidade caminha sempre para o bem, pois este é o fim último do ser humano: conhecer à Deus cada vez mais intimamente. Os médiuns são elos de contato entre o mundo dos mortos e dos vivos, são a segurança e prova de que nós encarnados passaremos à outras realidades após a morte, e o que nos deixa mais apaziguados com relação à isto, ainda que esta passagem nos abisme causando à muitos um terror de mensuras desproporcionais, como dito antes tudo dependerá de interpretação, a morte pode ser vista como grande vilã ou bela experiência e passagem à vidas de condições diferenciadas e desconhecidas, pela própria incapacidade dos processos racionais e intelectivos. Prova disto está no livro: “Os sertões” de Euclides da Cunha, quando disserta sobre a mistura religiosa ocorrida no sertão nordestino, de modo que quando uma criança morria festejava-se, conforme descrito:

      “O falecimento de uma criança é um dia de festa. Ressoam as violas na cabana dos pobres pais, jubilosos entre as lágrimas; referve o samba turbulento; vibram nos ares, fortes, as coplas dos desafios; enquanto, a uma banda, entre duas velas de carnaúba, coroado de flores, o anjinho exposto espelha, no último sorriso paralisado, a felicidade suprema da volta para os céus, para a felicidade eterna – que é a preocupação dominadora daquelas almas ingênuas e primitivas.”

      Morrer é pois festa, e não lamentos e tristeza: Quê desejais à um ente querido que vai à belo e encantador país? Sorte e muitas felicidades, pois tão maior será sua bem aventurança quanto melhor esteja ele hoje de bem com a vida. Aproveita-se melhor a visita à novo lugar quando estamos dispostos e bem conosco mesmos, pois aproveitar o que esta fora de nós é nosso compromisso, e não há belezas que obriguem alguém a aproveita-las. A morte é bela aos que são belos de espíritos e mal aos que são deste modo, as expectativas que colocamos na morte fazem dela aquilo que pensamos que será.

      É fácil dizer, conforme o provérbio romano: carpe diem, no entanto quê é aproveitar o dia? Pode-se ter infinitas concepções deste ditado. É somente quando estamos satisfeitos, plenos, sem dívidas para com nossa consciência que podemos dizer que fora bem aplicado este termo. Aproveitar é satisfazer o espírito e suas necessidades morais acima de tudo. A moral se aplica nos conceitos de certo e errado, justo e injusto.

      Estamos aqui neste planeta para trabalhar, facere, e não para outra coisa. Uma missão designada à cada pessoa, para completar um contexto integral e abrangente que se chama humanidade, aceitar e respeitar os preceitos humanos de benevolência, caridade, fraternidade, harmonia, altruismo e labor incessante é saber viver. De fato é preciso saber viver, não se deve viver de qualquer maneira, desregradamente em busca de prazeres pessoais ou vantagens pessoais, mas sim pensar naquele que na rua passa fomes e misérias, naqueles que sem culpa pagam pelas guerras alheias. A injustiça está difundida em nosso mundo de maneira pecaminosa e errada. Ertradicar o mal é função dos bons samaritanos, que são todos aqueles que se prestam à auxiliar o próximo sem qualquer constrangimento ou pretenção de vantagens pessoais. Não depende de religião ser justo, mas sim de humanidade, aquele que prestar um mínimo de atenção perceberá com facilidade que os valores humanos mais elevados condizem exatamente no que está dito pelos valores espirituais, aliás nós mesmos encarnados vivemos no mundo dos espíritos, não somente porque entre nós volitam espíritos desencarnados dos mais diversos, mas principalmente por sermos nós mesmos espíritos, e carregamos conosco, em nossa consciência mais profunda a caraga psíquica de centenas e centenas de encarnações. Esta carga de sabedoria está sempre conosco, até dos interstícios que passamos em aprendizagem e estudo nos planos da 4a dimensão, por tudo o que foi dito, é com bom senso que concluimos que as preocupaç~```oes humanas são as mesmas que as espirituais, pois em seu âmago também são espirituais. Assim, a criação da ONU ( Organização das Nações Unidas ) por exemplo é uma das belezas humanas paralelas aos conceitos espirituais de paz, justiça e fraternidade, é evidente que o ser humano encarnado está sujeito às desvantagens da carne, como os prazeres fáceis e rápidos, podendo muitas vêzes perder a profundidade espiritual, é assim que as constituições, impregnada de justiça são muitas vezes desrespeitadas, por causa da malicia, cobiça e fraquezas humanas.

      A solução está na série de espíritos iluminados que nos vêm, ensinar com seus exemplos santos os procedimentos certos à tomar. Estes espíritos não encarnam somente em funções religiosas como em todas as funções dignificantes existentes na terra.

      Não há como negar a passagem de mestres deste calão no mundo da música. Quê dizer de Bach, Vivaldi, Mozart, Bethoven, Tchaikovsky, Mussorgsky, Rimsky-Korsakov, Edvard Grieg, Schumann, Elgar dentre outros infindáveis mestres da música, que nos ensinam através não da palavra, mas de um recurso de maior alcance nas verdades transcendentais, que a vida possui sentido profundo e cheio de detalhes, é justamente na imersão de nossas reflexões nestes detalhes que desobriremos as belezas da vida, o sentido mais profundo está arraigado no detalhe, na capacidade de imergir num determinado assunto seja por reflexões filosóficas ou partituras musicais.

      A música é por certo uma vivência muito mais próxima do mundo espiritual que a palavra, não à toa muitos se utilizam da música para suas meditações na busca pela ascenção espiritual. Não obstante, estes mestres do planeta terra não transitam apenas pelo setor da religião ou da música senão na literatura nos deparamos com sábios de envergadura ímpar, que nos ensinam a amar através das reflexões mais abstratas a que a razão pode chegar, com uma linguagem totalmente diferente da vida empírica que vivemos as reflexões podem chegar mais perto de Deus que a vida empirica, sendo empirica faz-se tosca e primitiva, e necessita de recurso adicional criado pelas capacidades humanas de expandir-se em devaneios racionais intelectivos ou musicais intuitivos e emotivos. Os recursos adicionais de que o homem dispõe para refletir sua realidade são o único modo que ele têm de chegar à Deus. Até mesmo a idéia de São Francisco de viver totalmente empiricamente é dependente de um recurso adicional: a oração! Orar é um vínculo para chegar à Deus, não é Deus propriamente dito, mas uma ferramenta para à ele chegar. Assim, pode ser dito que o contato cru e nú com a realidade não existe, sempre seremos dependentes de recursos adicionais, e quanto mais complexos são estes recursos e nossa capacidade de ativá-los e utiliza-los é certo que mais próximos de Deus estaremos. Assim, temos que no livro “O pobre de Deus” que reconstrói a vida de São Francisco de Assis este diz que sua vida é como um arco que se enverga até quase estourar, ou seja: chega aos limítes da capacidade e potencial de orar, quando fica dias em uma caverna, na obscuridade, em jejum orando e entrando em contato com seu psiquismo total nos dá mostras de que as ferramentas de que dispomos para entrar em Deus devem ser bem utilizadas.

      Os recursos mais complexos são os mais belos, cheios de sentido e arraigados de vida verdadeira, por vêzes apresentam aspectos obscuros ou tristes, não obstante tudo o que compõem a vida deve ser percrustado com seriedade total. Há muita gente despreparada para entender as filosofias perenes do mundo, estes se equivocam no campo da simplicidade. Para entender música clássica, nas suas mais variadas nuançes deve haver um processo educativo, do contrário o sujeito não sentirá prazer ou a profundidade deste estilo musical. Da mesma maneira, para se entender a profundidade de detalhes, belezas, mensagens, cores, e variações de uma árvore há de haver um processo educativo de contemplação por muitas e muitas vêzes, somando-se horas de contemplação podemos encontrar Deus nas coisas mais simples da natureza, que em sua profundidade são de complexidade inescrutável.

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