Wednesday, October 30, 2024

2 - Questão Familiar

 

QUESTÃO FAMILIAR:

      A questão familiar, quando colocada sob o julgo da idéia reencarnatória do espiritismo, adquire importância desproporcional quanto ao que se pudesse sugerir antes do entendimento pleno da idéia. Normalmente temos imensa dificuldade nas inter-relações familiares, devido à deturpação dos valores humanos mais belos causada pelo consumismo excessivo, e pela feroz guerra que intermedeia esta sociedade consumista, o consumismo em si não é ruim, mas sim o fato de que o acúmulo de valores em nossa sociedade é de tal modo audaz que faz com que cheguemos à culminância de países passarem necessidades vitais à sobrevivência enquanto outros se comprazem na soberba de um capital excessivo.

      As pessoas passam a ser delineadas por um sistema humanamente corrompido, o que provoca sérios danos nas inter-relações familiares. A dificuldade já está portanto em uma concepção ideológica simples, não podemos saber exatamente como seria a problemática mais profunda da questão familiar: O quê é uma família? Por quê estão juntos estes indivíduos? Existes questões que devem ser formuladas por todo aquele que se julga espírita, e por aqueles que aceitam este lado da idéia espírita. Numa tentativa de desvendar as questões mais profundas que abatem, influem e permeiam nossa família devemos saber que somente conhecendo as resposta poderemos entender o que se transpassa exatamente no plano terrestre. Quais são os motivos exatos desta união que se faz tão peculiar?

      Existe a hipótese de que a reencarnação possa ser devida à dívidas que tenhamos no passado, assim, no intuito de resolvermos estes problemas nascemos outra vez justamente com as almas que antes nos causaram, ou a quem causamos mal. É evidente que o motivo da reencarnação não é necessariamente este, ainda que devido à condição da evolução da população terrestre este seja o mais habitual. Assim sendo, a perspectiva da vida familiar muda completamente quando colocada sob este prisma tão vasto em possibilidades e descobertas. É na família que se localiza o exemplo de união humana, é ali que se desenvolvem os afetos, caridade, amor simpatia, fraternidade, altruísmo, contato ou então se denigrem os valores mais belos dando margem ao egoísmo, maldade ou indiferença. Exercitamos paciência, força de vontade, amizade, carinho e responsabilidade na família, que correspondem às características de valor moral, que engrandece o espírito daquele que isto pratica. Uma diferença crucial entre as pessoas, e suas inter-relações é que existem aquelas que convivemos diariamente e muito conhecemos, e as que convivemos esporadicamente e pouco conhecemos. É evidente que quanto mais tempo se conviva com alguém mais intimamente e profundamente se conhece esta pessoa, no entanto, existe uma tendência comodista do ser humano em visar antes as coisas mais fáceis que as mais difíceis, assim: é mais cômodo travar contacto com aqueles que pouco se vê pelo fato de que pouco os conhecendo não temos a necessidade de nos aprofundarmos em suas questões mais íntimas, assim não há dispenssão de energia para com esta pessoa. O fato é que na família é que estão localizadas as questões espirituais mais vigentes e prioritárias e não em qualquer outro lugar, é por isto que o lar deve ser em primeira instância o local primeiro de nossas preocupações. De fato há gente que convive mais com companheiros de trabalho que com a própria família, o que constitui um erro crasso de nossa sociedade já corrompida pela insanidade de um sistema econômico, não é possível admitir que a convivência humana foi perfidamente trocada por ideais destrutivos e desmoralizados. Hoje é preferível que cada componente familiar exerça as atividades que lhe agradam de maneira isolada que a família unir-se numa determinada atividade seja ela qual for. A televisão, que constitui num veiculo de comunicação de extraordinárias possibilidades transformou-se numa caixa hipnótica que extraí do homem a liberdade de contacto humano real. Estes novos hábitos que o homem criou para si acabam por distorcer a natureza social do ser humano, somos seres sociais, assim é na fraternidade que encontramos o ideal de sociabilização, aprendendo os valores inseridos no perene evangelho, com as idéias  de Jesus Cristo. É devidamente em Cristo que encontramos a solução para o ideal familiar.

      Por vezes não conseguimos entender o motivo exato da relação com determinado ente familiar ser de determinado modo, o que explica esta ineficácia do homem a responder suas próprias conjecturas é a possibilidade reencarnatória, onde afeição ou desafeto são determinados por causas anteriores à esta vida. É estudando aos poucos a realidade mais profunda do ser, nas relações que melhor conseguiremos solucionar problemas nas relações familiares, no entanto é triste pensar que o homem longe está de atingir este ideal de estudos mais profundos, mas é lúcido crer que com um mínimo de bom sendo, mesmo sem recorrer à esta filosofia, podemos resolver problemas dos que se julgava sem solução certa. O bom senso terreno é o mesmo que o espiritual, porque sendo bom senso é eterno e perene, as idéias divinas são as eternas, e independem de origem, pode ser terrena ou espiritual. Aliás esta divisão é extremamente errada, pois tudo o que é terreno é também espiritual, já que os que na terra vivem são espíritos como aqueles que estão na outra dimensão.

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