13 - Conversa
entre dois homens
Todos os dias, num quarto permeado de escuridão
absoluta, eu me sento numa cadeira e olho numa caneca de café, e lá no fundo
visualizo um mundo de cores, e me pergunto: - Você realmente se da conta do que
a realidade é?
Não! Não! Que hei
eu fazer diante de tamanha ignorância? Que hei de fazer senão orar, e clamar à
Deus para que dia a diz elucide minha mente obscurecida, minha limitada noção
de realidade, para que assim eu possa um diz vislumbrar, mesmo que de maneira
parca e restrita, o mundo, o verdadeiro mundo. De fato: o que vivemos não passa
de um sonho, o dia em que acordarmos certamente ficaremos assombrados com
tamanha proporção na medida do mundo real. Quão ignorante sou, ainda bem que ao
menos, com minha inteligência desconsiderável perto do conhecimento espiritual
posso saber ao menos que sou um ignorante, coitado daqueles que sonham, e no
sonho julgam viver a realidade, ai destes.
Não! Não! Como
pude ser tão desmiolado, ficar aí à toa pelos cantos filosofando, devaneando
como um louco varrido, ora estas, isto não leva à lugar nenhum, tenho mais é
que viver a vida e nela me deleitar, desfrutar de todos os prazeres que ela
oferece. Não entendo essa gente doida, pois o segredo da vida nela está, só
pode ser descoberta por ela mesmo e não por outros meios.
Ela mesmo? E
que julgas que seja ela mesmo? Será um chorar ela mesmo? Será um pensar ela
mesmo? Será um cogitar ela mesmo? Me entendes homem prático? Falo justo do fato
de que a experiência do viver pode em tudo se encontrar, inclusive no pensar
por tese e antítese. No olhar até devanear. No nada fazer. No perambular
distraidamente pela rua. No do nada criar. Tudo é experiência! Ignorante é
aquele que só vê o mundo através da experiência empírica, e não nota que a
própria atitude dialética por si só é uma experiência das mais valorosas, é
assim que chegamos à conclusões das mais complexas. O que sem a atividade
abstrata do pensamento não seria possível.
Quê asneiras
dizes? Acaso crês que sou tão perdido
quanto tu és?
Não, apenas um
precipitado, direi ainda mais, não para que creias, pois isto parece na visão
de qualquer são algo impossível, mas para que refutes, pois é assim que
funciona meu viver: A própria atividade contemplativa não se estagna no campo
da dialética, senão ultrapassa-o chegando a constituir um empirismo. Ou melhor
é um processo de três fases: Empírico – Dialético – Empírico
Dizes
parlapatices das mais diversas, nada entra em conformidade com o que possa se
entender como vida ou realidade.
Não entendes
que no detalhe da contemplação está o impulso veemente da alma? É na imaginação
que está a alegria da vida!
Tuas palavras
estão permeadas de obscuridades
Talvez você
tenha que rever teus conceitos de vida
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