Tuesday, November 5, 2024

13 - Conversa entre dois homens

 

13 - Conversa entre dois homens

Todos os dias, num quarto permeado de escuridão absoluta, eu me sento numa cadeira e olho numa caneca de café, e lá no fundo visualizo um mundo de cores, e me pergunto: - Você realmente se da conta do que a realidade é?

   

  Não! Não! Que hei eu fazer diante de tamanha ignorância? Que hei de fazer senão orar, e clamar à Deus para que dia a diz elucide minha mente obscurecida, minha limitada noção de realidade, para que assim eu possa um diz vislumbrar, mesmo que de maneira parca e restrita, o mundo, o verdadeiro mundo. De fato: o que vivemos não passa de um sonho, o dia em que acordarmos certamente ficaremos assombrados com tamanha proporção na medida do mundo real. Quão ignorante sou, ainda bem que ao menos, com minha inteligência desconsiderável perto do conhecimento espiritual posso saber ao menos que sou um ignorante, coitado daqueles que sonham, e no sonho julgam viver a realidade, ai destes.

      Não! Não! Como pude ser tão desmiolado, ficar aí à toa pelos cantos filosofando, devaneando como um louco varrido, ora estas, isto não leva à lugar nenhum, tenho mais é que viver a vida e nela me deleitar, desfrutar de todos os prazeres que ela oferece. Não entendo essa gente doida, pois o segredo da vida nela está, só pode ser descoberta por ela mesmo e não por outros meios.

      Ela mesmo? E que julgas que seja ela mesmo? Será um chorar ela mesmo? Será um pensar ela mesmo? Será um cogitar ela mesmo? Me entendes homem prático? Falo justo do fato de que a experiência do viver pode em tudo se encontrar, inclusive no pensar por tese e antítese. No olhar até devanear. No nada fazer. No perambular distraidamente pela rua. No do nada criar. Tudo é experiência! Ignorante é aquele que só vê o mundo através da experiência empírica, e não nota que a própria atitude dialética por si só é uma experiência das mais valorosas, é assim que chegamos à conclusões das mais complexas. O que sem a atividade abstrata do pensamento não seria possível.

      Quê asneiras dizes? Acaso crês que sou  tão perdido quanto tu és?

      Não, apenas um precipitado, direi ainda mais, não para que creias, pois isto parece na visão de qualquer são algo impossível, mas para que refutes, pois é assim que funciona meu viver: A própria atividade contemplativa não se estagna no campo da dialética, senão ultrapassa-o chegando a constituir um empirismo. Ou melhor é um processo de três fases: Empírico – Dialético – Empírico

        Dizes parlapatices das mais diversas, nada entra em conformidade com o que possa se entender como vida ou realidade.

      Não entendes que no detalhe da contemplação está o impulso veemente da alma? É na imaginação que está a alegria da vida!

       Tuas palavras estão permeadas de obscuridades

       Talvez você tenha que rever teus conceitos de vida

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