Wednesday, October 30, 2024

9 - Sonhos

 

SONHOS:

      Os sonhos têm papel fundamental na vida de quaisquer pessoas, assim como uma concepção filosófica e espiritual da vida, pois a partir deles delineamos procedimentos e condutas a tomar na vida. É evidente que não é fácil ser guiado pelos sonhos, a primeira dificuldade é trazê-los à luz da razão, ou seja: lembrá-los.

      Os sonhos constituem uma vivência, assim como a vivência “carnal”, no entanto estão ambientados em outro “estado de percepção” da realidade, por causa desta linguagem dual que podemos ter ( encarnados ou desencarnados ) ocorre que encontramos grande dificuldade em codificar a linguagem e vivência do sonho para o entendimento racional.

      A primeira dificuldade é lembrar o sonho, temos de considerar que pelo fato de os dois estados ( sonho e lucidez ) terem parâmetros e “ferramentas interpretativas da vivência” diferentes, há grande dificuldade em entender um a partir do outro.

      É como tentar entender o programa “Windows” utilizando o “Dos”, que é efetivamente limitado quando posto em relação com o outro, fato que nunca possibilitará seu entendimento integral e pleno, mas apenas uma parca noção daquela outra realidade. Numa outra metáfora, no intuito de elucidar esta mesma idéia, podemos dizer que é como tentar desvendar a sensação de andar à cavalo montando em uma pedra com formato similar à um, ou mesmo na escultura em tamanho real de um. Também pode-se concluir quantas pessoas acabariam por distorcer a realidade da música que quisessem entendê-la apenas através de dissertações racionais, pois por mais refinado e vasto que seja a linguagem de qualquer idioma, ela nunca será equivalente à realidade da própria música. Enfim: O sonho que tive, efetivamente foi este que consegui me recordar, no entanto as ferramentas que dispunha naquele momento para interpretar aquela realidade eram diferentes, por isto, posso recordar perfeitamente, mas de maneira distinta e não fidedigna.

      É como o caso dos “estados alterados de consciência”, também o mesmo caso do uso de alucinógenos como cogumelos, “peiote” ou da tentativa dos “mortos” de tentar explicar suas realidades, o que se torna impossível pois as percepções da realidade transcorrem de  maneiras diferentes, e passar de uma estrutura de interpretação à outra é possível com a ressalva que deve-se saber que o entendimento foi obliterado, distorcido e reduzido em proporções inesperadas.

      Uma pergunta a se fazer é se acaso os sonhos, ou este estado de percepção da realidade específico, equivalem à mesma “realidade perceptiva” da vida depois da morte. Talvez seja algo similar, isto na tese otimista de que a vida realmente prossegue.  Após toda esta abordagem, que se referiu à dificuldade de codificação destas duas linguagens largamente diferentes, deve-se insistir na importância dos sonhos na vida de uma pessoa encarnada... Em nossa teoria, os sonhos são  vivencias e não abstrações vãs e inócuas do pensamento ou dos momentos de lucidez, deste modo os sonhos são tão importantes quanto o estado desperto, com a diferença de que não são vivências adotadas pelas mesmas ferramentas interpretativas do estado lúcido, tais podem ser estas: pensamento racional, visão, audição, olfato, tato, percepção sinestésica, propriocepção, sentimentos. As ferramentas interpretativas, perceptivas e expressivas dos sonhos são de tal maneira peculiares que num sonho podemos ter possibilidades impossíveis para momentos despertos, como a percepção direta do sentimento dos outros, sem necessidade de palavras, ou voar, ter uma compreenção mais global de tudo o que ocorre, as ferramentas ou órgãos que permitem isto são pertinentes ao espírito e não ao corpo, aliás o corpo poda estas ferramentas, do contrário conseguiríamos vivenciar ao mesmo tempo o mundo físico e o extra físico. ( O que fazem os médiuns totalmente avançados ) Algo interessante seria perguntar, no estado de espírito, como o indivíduo percebe seu meio espiritual, e como ele perceberia o meio físico. Será a interpretação da realidade por parte dos espíritos desencarnados mais ou menos completa que a dos encarnados? Se é mais completa: Qual seria esta necessidade tão veemente de encarnar? Supostamente algo estaria em falta lá, que fosse necessário aqui, seria este algo mecanismos de interpretação da realidade específicos? No mundo espiritual, poderíamos ser uma massa de energia informe sem recursos interpretativos, e por isto, restrito em si mesmo? Isto possibilita uma explicação para a necessidade reencarnatória.

      Um fenômeno de se notar, conforme se lembra os sonhos com certa periodicidade, é que ocorrerá que lembrando de um sonho específico virão à tona uma série outros de sonhos, que de um modo ou de outro estão interligados no sub-consciente. Também importante frisar que para lembrar de um sonho existem várias técnicas, uma delas é ter um caderno ao lado da cama, e anotar o sonho o quanto antes ao despertar, mesmo que seja no meio da noite, do contrário corre-se o risco de esquecer importantes detalhes ou mesmo todo o sonho todo. Há entretanto sonhos que só são lembrados quando de dia passamos por certa experiência ou sensação que nos faz lembrar do sonho.

       Aquele que se julga médium deve muito trabalhar, de maneira árdua, o que é corporalmente e psiquicamente cansativo, e passa por perigos diversos, a fé no entanto, posta a prova deve tornar-se o alicerce básico, donde tudo o mais venha a brotar. Por todos os riscos, medos e receios a mediunidade é atividade de seriedade maior do que podemos conceber. Dentre as mais variadas atividades dos médiuns na busca incessante pela virtude e Santidade está o “livros dos sonhos”pessoal, onde ele fará o apontamento de seus sonhos e intentará fazer as interpretações que julgue mais pertinentes de seus sonhos, podendo nestes momentos entrever premonições, onde pode definir idéias, concepções e tomadas de decisões de sua vida desperta.

       Lembrar os sonhos e codifica-los para a linguagem da razão não é fácil, principalmente quando se inicia com esta atividade, no decorrer de um treinamento persistente a capacidade de recordação pode chegar a se apurar de tal maneira que pode-se lembrar de detalhes minuciosos. Pessoalmente, desconsidero totalmente qualquer livro que venha com fórmulas prontas do sentido dado às coisas que vivenciamos nos sonhos, pois são personalizadas, e têm relação com a vida de cada um, por isto a interpretação relaciona-se com a vida psíquica e exterior de cada pessoa. Isto automaticamente anula este tipo de livros que têm mais pretensão do que o que podem oferecer de resultados profícuos.

       A idéia que está em pauta nestas linhas é de importância imprescindível, pois a incapacidade de uso dos sonhos na sua vida é o mesmo que dizer que logo que você acaba um dia acordado irá padecer de uma amnésia absurdamente aguda esquecendo todo o seu dia, é equivalente a dizer que todas as manhãs esqueces as vivências noturnas que tivestes. Nesta correlação notamos a extrema importância dos sonhos enquanto vivências, que devem ser colocadas numa seqüência lógica progressiva, em conjunto com a vivência lúcida. Não digo que as vivências dos sonhos seguem “paralelas” com as vivências despertas porque este termo traz a sensação de que os sonhos são vivências distintas, como se tivéssemos duas linhas “vivenciais” quando na verdade todo o conjunto forma uma só linha, mesmo tendo cada qual “ferramentas perceptivas” e expressivas peculiares. A realidade é una, o que muda é a maneira como se entra em contato com ela.

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