SONHOS:
Os
sonhos têm papel fundamental na vida de quaisquer pessoas, assim como uma
concepção filosófica e espiritual da vida, pois a partir deles delineamos
procedimentos e condutas a tomar na vida. É evidente que não é fácil ser guiado
pelos sonhos, a primeira dificuldade é trazê-los à luz da razão, ou seja:
lembrá-los.
Os
sonhos constituem uma vivência, assim como a vivência “carnal”, no entanto
estão ambientados em outro “estado de percepção” da realidade, por causa desta
linguagem dual que podemos ter ( encarnados ou desencarnados ) ocorre que
encontramos grande dificuldade em codificar a linguagem e vivência do sonho
para o entendimento racional.
A
primeira dificuldade é lembrar o sonho, temos de considerar que pelo fato de
os dois estados ( sonho e lucidez ) terem parâmetros e “ferramentas
interpretativas da vivência” diferentes, há grande dificuldade em entender um a
partir do outro.
É como
tentar entender o programa “Windows” utilizando o “Dos”, que é efetivamente
limitado quando posto em relação com o outro, fato que nunca possibilitará seu
entendimento integral e pleno, mas apenas uma parca noção daquela outra
realidade. Numa outra metáfora, no intuito de elucidar esta mesma idéia,
podemos dizer que é como tentar desvendar a sensação de andar à cavalo montando
em uma pedra com formato similar à um, ou mesmo na escultura em tamanho real de
um. Também pode-se concluir quantas pessoas acabariam por distorcer a realidade
da música que quisessem entendê-la apenas através de dissertações racionais,
pois por mais refinado e vasto que seja a linguagem de qualquer idioma, ela
nunca será equivalente à realidade da própria música. Enfim: O sonho que
tive, efetivamente foi este que consegui me recordar, no entanto as ferramentas
que dispunha naquele momento para interpretar aquela realidade eram diferentes,
por isto, posso recordar perfeitamente, mas de maneira distinta e não fidedigna.
É como o
caso dos “estados alterados de consciência”, também o mesmo caso do uso de
alucinógenos como cogumelos, “peiote” ou da tentativa dos “mortos” de tentar
explicar suas realidades, o que se torna impossível pois as percepções da
realidade transcorrem de maneiras
diferentes, e passar de uma estrutura de interpretação à outra é possível com a
ressalva que deve-se saber que o entendimento foi obliterado, distorcido e reduzido
em proporções inesperadas.
Uma
pergunta a se fazer é se acaso os sonhos, ou este estado de percepção da
realidade específico, equivalem à mesma “realidade perceptiva” da vida depois
da morte. Talvez seja algo similar, isto na tese otimista de que a vida
realmente prossegue. Após toda esta
abordagem, que se referiu à dificuldade de codificação destas duas linguagens
largamente diferentes, deve-se insistir na importância dos sonhos na vida de
uma pessoa encarnada... Em nossa teoria, os sonhos são vivencias e não abstrações vãs e inócuas do
pensamento ou dos momentos de lucidez, deste modo os sonhos são tão importantes
quanto o estado desperto, com a diferença de que não são vivências adotadas
pelas mesmas ferramentas interpretativas do estado lúcido, tais podem ser
estas: pensamento racional, visão, audição, olfato, tato, percepção
sinestésica, propriocepção, sentimentos. As ferramentas interpretativas,
perceptivas e expressivas dos sonhos são de tal maneira peculiares que num
sonho podemos ter possibilidades impossíveis para momentos despertos, como a
percepção direta do sentimento dos outros, sem necessidade de palavras, ou
voar, ter uma compreenção mais global de tudo o que ocorre, as ferramentas ou
órgãos que permitem isto são pertinentes ao espírito e não ao corpo, aliás o corpo
poda estas ferramentas, do contrário conseguiríamos vivenciar ao mesmo tempo o
mundo físico e o extra físico. ( O que fazem os médiuns totalmente avançados )
Algo interessante seria perguntar, no estado de espírito, como o indivíduo
percebe seu meio espiritual, e como ele perceberia o meio físico. Será a
interpretação da realidade por parte dos espíritos desencarnados mais ou menos
completa que a dos encarnados? Se é mais completa: Qual seria esta necessidade
tão veemente de encarnar? Supostamente algo estaria em falta lá, que fosse
necessário aqui, seria este algo mecanismos de interpretação da realidade
específicos? No mundo espiritual, poderíamos ser uma massa de energia informe
sem recursos interpretativos, e por isto, restrito em si mesmo? Isto possibilita
uma explicação para a necessidade reencarnatória.
Um
fenômeno de se notar, conforme se lembra os sonhos com certa periodicidade, é
que ocorrerá que lembrando de um sonho específico virão à tona uma série outros
de sonhos, que de um modo ou de outro estão interligados no sub-consciente.
Também importante frisar que para lembrar de um sonho existem várias técnicas,
uma delas é ter um caderno ao lado da cama, e anotar o sonho o quanto antes ao
despertar, mesmo que seja no meio da noite, do contrário corre-se o risco de
esquecer importantes detalhes ou mesmo todo o sonho todo. Há entretanto sonhos
que só são lembrados quando de dia passamos por certa experiência ou sensação
que nos faz lembrar do sonho.
Aquele
que se julga médium deve muito trabalhar, de maneira árdua, o que é
corporalmente e psiquicamente cansativo, e passa por perigos diversos, a fé no
entanto, posta a prova deve tornar-se o alicerce básico, donde tudo o mais
venha a brotar. Por todos os riscos, medos e receios a mediunidade é atividade
de seriedade maior do que podemos conceber. Dentre as mais variadas atividades
dos médiuns na busca incessante pela virtude e Santidade está o “livros dos sonhos”pessoal,
onde ele fará o apontamento de seus sonhos e intentará fazer as interpretações
que julgue mais pertinentes de seus sonhos, podendo nestes momentos entrever
premonições, onde pode definir idéias, concepções e tomadas de decisões de sua
vida desperta.
Lembrar
os sonhos e codifica-los para a linguagem da razão não é fácil, principalmente
quando se inicia com esta atividade, no decorrer de um treinamento persistente
a capacidade de recordação pode chegar a se apurar de tal maneira que pode-se
lembrar de detalhes minuciosos. Pessoalmente, desconsidero totalmente qualquer
livro que venha com fórmulas prontas do sentido dado às coisas que vivenciamos
nos sonhos, pois são personalizadas, e têm relação com a vida de cada um, por
isto a interpretação relaciona-se com a vida psíquica e exterior de cada
pessoa. Isto automaticamente anula este tipo de livros que têm mais pretensão
do que o que podem oferecer de resultados profícuos.
A idéia que
está em pauta nestas linhas é de importância imprescindível, pois a
incapacidade de uso dos sonhos na sua vida é o mesmo que dizer que logo que
você acaba um dia acordado irá padecer de uma amnésia absurdamente aguda
esquecendo todo o seu dia, é equivalente a dizer que todas as manhãs esqueces
as vivências noturnas que tivestes. Nesta correlação notamos a extrema
importância dos sonhos enquanto vivências, que devem ser colocadas numa
seqüência lógica progressiva, em conjunto com a vivência lúcida. Não digo que
as vivências dos sonhos seguem “paralelas” com as vivências despertas porque
este termo traz a sensação de que os sonhos são vivências distintas, como se
tivéssemos duas linhas “vivenciais” quando na verdade todo o conjunto forma uma
só linha, mesmo tendo cada qual “ferramentas perceptivas” e expressivas
peculiares. A realidade é una, o que muda é a maneira como se entra em contato
com ela.
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