12 - níveis de desenvolvimento da atividade contemplativa
Para
entender o que ocorre exatamente durante a atividade contemplativa optou-se por
fazer uma divisão mais detalhada de diversas ferramentas de percepção do ser
humano, veremos como cada uma destas ferramentas como atua e como percebe a
contemplação, pois durante a atividade de contemplação temos duas
possibilidades básicas: uma é a de fazer, ou seja: provocar determinadas
situações. A outra é a de interpretar aquilo que está acontecendo. Temos em
nosso corpo, nossa mente e nosso espírito ferramentas e “máquinas”específicas
para atuar e provocar e outras para interpretar e assimilar.
Distinguem-se 5
categorias:
Física
Racional
Sentimental
Intuitiva
Transcendental
A - Atividade contemplativa e seu desenvolvimento
“Transcendental”
( “Percepção sensória
espiritual “)
Aqui
serão descritos os fenômenos de ordem de percepção espiritual que ocorrem
durante a atividade de contemplação.
Trata-se de um
processo progressivo, no qual não se pode atingir um grau sem antes ter passado
pelo outro, já discutimos muito sobre as reações fisiológicas e sobre as
hipóteses espíritas sobre este fenômeno. Há a exigência de um estado
psicológico específico, não basta sentar-se e ficar pasmo e mórbido olhando uma
imagem, devem estar envolvidas crenças religiosas ou místicas, crer piamente e
não fingir que crê, orar com o coração, verdadeiramente. Estes requisitos são
essenciais, pois pré-dispõe a mente a atingir níveis de percepção mais elevados
e peculiares. Vou tentar colocar uma síntese para cada estado de percepção:
1 - Abrangência de mais vasto campo perceptivo - Há a impressão de que o campo que a visão pode
abranger é mais largo que o comum, mesmo estando a visão direcionada com uma
mira precisa e pequena ( por exemplo os olhos de uma imagem de Jesus, ou mesmo
a lua ) ocorre o aumento da amplitude
visual, o que causa uma sensação diferente do comum, um fato que ocorre neste
momento é que não somente a amplitude da visão aumenta, como também a
capacidade de prestar atenção em tudo ao mesmo tempo, o que é difícil de
conceber segundo um método de entendimento tradicional, pois a tendência é
imaginarmos que só se pode prestar atenção no objeto ou imagem que esteja sendo
focalizado, no entanto na meditação contemplativa fugimos à esta regra. Quando
se contempla a copa de uma árvore, ou um vasto gramado, por exemplo, percebemos
em determinado momento do processo, que todos os mínimos movimentos do gramado
ou das folhas da árvore são percebidos de forma clara e precisa através da
mudança de tonalidades, sombras ou luzes do lugar. Numa igreja, como muitas
estátuas e imagens são de cor dourada ocorre interessante fenômeno em que as
partes douradas subsistem à apagar-se da visão enquanto as outras cores
apagam-se com maior facilidade, conforme será visto no próximo nível que
julguei conveniente chamar de “escurecimento da visão” É ainda neste primeiro
nível que o contorno das imagens é assimilado pela visão de tal maneira que se
o foco da visão é direcionado à outro lugar cria-se uma imagem reflexo
dos contornos daquilo que antes estava sendo focado, como se houvesse sido
feita uma fotocópia mental ou queiram chamar como quiser este curioso fenômeno.
Também importante dizer que as delimitações das imagens ficam incertas e não
precisas como anteriormente, justamente porque começam a tremer, como se
houvessem infindáveis pontinhos de luz piscando em todo o espaço que forma o ar
que está na frente delas.
2 - Escurecimento da visão - Após se tornar mais abrangente a visão começa aos
poucos a se turvar, não é um processo constante com começo, meio e fim, pode
ocorrer lapsos de escurecimento em que a visão por breve momento se turva e
logo retorna ao estado anterior, isto será devido à capacidade do contemplador
de guiar seus sentimentos religiosos e sua convicção inabalável no poder
superior, que supostamente atua juntamente com aquele que medita. Não é dito
que é fácil atingir patamares mais elevados de percepção sensorial espiritual,
muito pelo contrário é tão mais difícil quanto menor seja o treino e preparo,
por isto podem existir retrocessos e irregularidades durante o processo.
Durante este nível, em específico, o mundo “físico” ou mundo “material” desaparece,
não totalmente, tudo se obscurece, de modo que a percepção de um novo ambiente
se torna presente. Numa imagem religiosa é comum que tudo ao redor se escureça,
ficando somente algumas partes desta imagem visíveis, são as partes douradas,
ou as partes que sejam mais claras, o que proporciona uma sensação estética
bastante diferente, ainda que o objeto contemplado seja o mesmo que antes.
3 - Aparição sutil de bolhas luminosas
translúcidas - Num processo bastante
diferente pelo utilizado pela visão ordinária temos em meado à escuridão a
aparição de bolhas de cores fosforescentes, cores iridescentes, estas bolhas na
verdade não aparecem, elas sempre estão pelos ares, o que ocorre é que nós, que
em determinado momento chegamos em tal estado de concentração e meditação que
suscitamos em nosso psiquismo, em nosso cérebro a capacidade de visualiza-las.
Não sei tampouco se à esta altura da discussão o termo “visualizar”seja o mais
adequado para indicara a captação destas bolhas por parte do ser contemplativo,
pois elas se apresentam de maneira fugidia, não se pode tentar olha-las assim
como se olha qualquer coisa, deve-se antes utilizar potencialidades psíquicas
de vontade e oração com fervor para ter acesso à elas. É evidente que é tão
mais difícil continuar mantendo um nivel perceptivo quanto mais elevado seja
este nível.
4 - Ondulação do campo visual ( Tontura ) - A visão pode começar a virar inclinada, como se a
cabeça estivesse deitando-se. Aparecem no campo de percepção visual, que já se
encontra absolutamente alterado, ondulações da realidade física. Nesta questão
das ondulações o único termo comparativo que poderia propor ao leitor além da
noção de ondulação da margem de um lago seria do efeito especial que muitas
vezes vemos em filmes quando o personagem lembra algo que ocorreu no passado.
5 – Visão da outra dimensão – Nesta parte do processo
acontece um fenômeno que sinceramente, encontro grandes dificuldades de
descrever, de tão diferente que é da realidade ordinária. O fato que ocorre no
5o nível é que você vê absolutamente a mesma realidade que é numa
visão comumente utilizada, no entanto sob uma perspectiva totalmente nova. Uma
comparação que pude imaginar quando fui acometido por tal aventura é a analogia
desta situação com aqueles livros de figuras com 3 dimensões que têm desenhos
repetidos minúsculos, quando você prostra os olhos nas imagens nada vê de
interessante a não ser uma imagem de um só plano, ao ficar vesgo nota de
repente que há um mundo inteiramente novo naquele mesmo lugar, o fato mais
surpreendente é que você ainda está olhando para a mesma coisa. Julguei esta
comparação com a que mais pôde se aproximar da sensação que tive. Seria aquela
a 4a dimensão? De fato faz sentido, pois tive a sensação de estar
vendo a figura do santo ( que era o que contemplava no momento ) de maneira
mais completa, mais verdadeira, e pensei ainda o quão ingênua e pequena era a
outra maneira.
Por quê
ocorrem estes fenômenos? Qual é a verdadeira importância deles na vida? Por quê
meditar? Para quê contemplar? Quê irá isto acrescentar em minha vida cotidiana?
A
começar pela tua perspectiva de vida: é certo que estudando a filosofia que
está por trás deste processo tua concepção do mundo que te cerca e de tu mesmo
irá mudar de maneira descomunal, de modo que as coisas que antes julgavas de
imprescindível importância podem ser até postas num segundo plano, ou até mesmo
relegadas. A filosofia de vida é o conjunto ideológico e racional que guia sua maneira de viver, mudando um conjunto de
idéias mudaremos também o procedimento que tomamos para com nós mesmos e para
com o mundo que nos cerca. Assim, dentro da concepção trancendental a atitude
contemplativa é de importância primeira na vida de uma pessoa, pois ela entrará
em contato com a totalidade de seu “ser”, o “eu” verdadeiro, não quero dizer
que vivemos num “eu” falso mas sim que, para ilustrar, somos 30% do “eu”total,
quando entramos em estados de meditação mais elevados vamos aumentando esta
porcentagem, até quem sabe, encontrar os 100%. É sabido entretanto que o ser
encarnado nunca atinge uma vivência plena com “eu”, pois a couraça material
traz consigo restrições e delimitações das mais diversas, fazendo com que não
nos conheçamos em totalidade. O que a contemplação faz é justamente evitar o
distanciamento com o “eu”total, nos proporcionando a perspectiva exata de quem
somos nós, e qual o caminho a seguir. Isto quando a meditação é efetiva, pois
podemos achar que estamos meditando quando não conseguimos devido à fatores
relacionados às problemáticas humanas, um médium jamais se abstém com detalhes
mesquinhos, deve sempre santificar-se, buscar seu máximo. Santificar-se
significa seguir, na medida do potencial de cada um o evangelho de Jesus
Cristo.
A
importância da meditação na vida, é tornar a vida uma vivência plena, de acordo
com a perspectiva espiritual.
B - Atividade contemplativa e seu
desenvolvimento “Sentimental”
Fizemos a
análise do processo contemplativo sob o ponto de vista da percepção
“extra-sensorial” ou transcendental, conforme o modelo proposto no livro
“Interpretação do mundo”, de minha autoria, vamos analisar os níveis de
desenvolvimento da atividade contemplativa sob o crivo do sentimento ( A
seqüência completa de ferramentas interpretativas do mundo é: Físico, Intelectual, Sentimental, Intuitivo e
Transcendental )
( Imagem de santos )
1 - Reconhecimento psicológico da imponência de
entidades espirituais superiores – Pensa-se na vida dos santos em geral, vai de cada
um, conforme a religião ou os santos de maior apreço. O fato é que na
imaginação da pessoa há uma biografia para cada santo, com seus feitos e sua
conduta na terra. O sujeito crê piamente na veracidade das histórias dos
santos, o fato de crer condiz com uma postura psicológica imprescindível para o
avanço dos “níveis de desenvolvimento da atividade contemplativa”, os
pensamentos racionais comumente utilizados no dia a dia não têm de interferir,
aliás devem se manter distantes e deixar que a história inicialmente fantasiosa
se torne uma verdade para o coração de tal modo que se forme um sentimento de
submissão perante tanta grandeza. Todo este processo retrata uma estratégia
psicológica para atingir patamares mais elevados de enlevação sentimental e
transcendental ( quando digo transcendental me refiro aos fenômenos que estão
além da esfera física ), se existe ou não uma outra conduta psicológica para
isto ainda não sei, podemos cogitar relacionar com o fato de uma contemplação
não religiosa ( quadros ou natureza ) aí é óbvio que o processo se daria de
maneira diferente, ainda que por uma questão de raciocínio lógico deveríamos convir
que algumas das partes principais do processo seriam iguais tanto nos quadros
como nos santos, tanto contemplar o escuro como um mar. Isto reverte nossa
discussão para o fato de que há uma base a partir da qual existiriam variações
específicas ( de postura psicológica ) para cada tipo de objeto contemplado.
2 - Crença absoluta nas teorias filosóficas
religiosas - Existem teorias filosóficas
das mais diversas nas explicações do Divino, assim que há por exemplo
compêndios Indianos ou Ocidentais, tudo possui uma estrutura complexa e muitas
vezes muito bem elaborada, o devoto que se preze não se restringe somente a orar
mais também à estudar uma filosofia existencialista e teologia. Este é o
momento em que todos os seus estudos são postos à prova. Ou ele crê naquilo que
estudou ou não crê! Em matéria de fé não existe meio termo, seja esta fé
racional ou não.
3 – Humildade – Neste momento toda sua oblação se converte
numa devoção insaciável, numa busca infinita pelo verdadeiro sentido das
questões espirituais, uma força descomunal o motiva a prosseguir na
contemplação horas a fio. Toda a conduta moral do evangelho de Jesus é também
posta em pauta e levada em consideração em seus mais íntimos recôndito, é na
pequenez de sua vida e de suas preocupações ínfimas diante das questões da
verdade do Universo infinito que ele encontra a verdadeira humildade.
4 - Reconstrução do sentido da vida – Este é o momento em que
todos os conceitos da vida da pessoa que exercita contemplação são analisados e
revistos podendo ser mudados por outros mais verdadeiros, mais corretos, mais
proveitosos. O fato é que durante a atividade contemplativa descobrimos coisas
novas, não é uma atividade monótona e repetitiva, muito pelo contrário:
entra-se em contato com o super-consciente sendo assim possível captar dele
toda a essência que antes estava sendo deixada de lado, é por isto que temos a
impressão de estar recebendo muitas novidades conceituais das noções que temos
perante as mais diversas situações da vida. É a grande problemática do ser
humano, trabalhar seus pontos mais gritantes, mais fracos e pertinentes e assim
reconstruir uma nova ideologia da vida, o que é difícil, por isto os exercícios
espirituais são de grande dificuldade psicológica para o homem.
5 - Fé inabalável na bondade de Deus – Aqui não há quaisquer
dúvidas ou receios na existência de uma ordem moral no mundo total ( que se
constitui do mundo material e espiritual ) Há certeza absoluta na harmonia do
universo, de tal modo é esta convicção que nem mesmo é necessário explicar o por
quê disto, pois estamos no âmbito dos sentimentos que superam as limitadas
capacidades do pensamento racional, é por isto que para chegar ao “êxtase”
espiritual o pensamento por si só não é suficiente, temos de chegar ao patamar
dos sentimentos, das convicções plenas de fé, ainda que não façam nexo com
pensamentos racionais. A harmonia é totalmente concordante com a bondade e a
boa conduta moral, não deve-se exatamente tentar entender racionalmente os por
quês da existência ou não de Deus neste momento, pois agora a certeza já é
absoluta, não há medo nem receios por causa do mal, pois o bem é infinitamente
superior, desfaz o mal colocando-o como uma ilusão, algo que não faz parte do
sentido verdadeiro do mundo.
6 - “Libertação Espiritual” – Sentimento especial e
específico de um contato amplo com o super-consciente, por isto diferente de
sentimentos convencionais, uma característica é choro abundante.
Atividade contemplativa e seu desenvolvimento “Físico”
Corpo parado
Energia entrando através do topo da cabeça
“Ballonament”
Perca de propriocepção
Perca da percepção espacial convencional